É tempo de impeachment já!

Está novamente nas mãos do povo brasileiro o seu destino. Não nos comporta tanto sofrimento, tanta vergonha, tanta humilhação

Cartaz na manifestação do dia 19 de Junho I Foto: Thalles Renato/Mídia Ninja

Está novamente nas mãos do povo brasileiro o seu destino. Não nos comporta tanto sofrimento, tanta vergonha, tanta humilhação. Não chegamos até aqui construindo, com muita luta, a história para perecer nas mãos ignóbeis de um genocida. É tempo de livrarmos o país desse fantasma a rodar tresloucado zombando da morte alheia sem nenhum constrangimento.

O que está acontecendo com o Brasil é inominável. Não estamos lutando somente contra a tradicional força reacionária e sua barbárie; posto que acrescida do banditismo ignorante, sem floreio intelectual, combinando a degenerescência provocada pelo neoliberalismo e os interesses neocoloniais. Extirpar esse cancro o mais rápido possível é garantir a vida, recomeçar um caminho que leve ao futuro promissor onde todos se sintam participantes.

Hoje são 512.819 mortes (registradas) por covid e somente 11,92% de imunizados. Tristes fatos que sabemos não serem por acaso; mas o que não estava explícito é que o negacionismo, além da carga ideológica, tinha preço. A CPI da Pandemia revelou que tantas vidas perdidas resultaram de cálculos em negócios escusos e a expectativa de recompensas em vis metais. Agora já não faltam crimes que justifiquem o engavetar de inúmeros pedidos de impeachment oriundos de diversos matizes políticos. Assim acusa o desespero do mercador de almas.

Esse cenário premido pela crescente catástrofe e a ausência de saídas fáceis e isoladas, paulatinamente, vai criando espaço para a aglutinação de amplas forças, em defesa das instituições democráticas, que cresce com a desconstrução da imagem e das bases bolsonaristas. Não sendo à toa que onze (11) partidos conservadores (DEM, MDB, PSDB, PP, PSD, PSL, Avante, Republicanos, Solidariedade, Cidadania e PL), alguns governistas, representando 63% da Câmara Federal, fecharam posição contra o voto impresso; uma das janelas abertas ao golpismo.

O isolamento político do (des)governo, a demissão do ministro (destruidor) do Meio-Ambiente, o efeito deletério da vacina Covaxin (indiana) nas hostes negacionistas, a queda nas pesquisas de opinião, as crises conjugadas e o fortalecimento da oposição indicam que é tempo de avançar sem vacilos rumo ao impeachment. A nação sangra e não pode esperar 2022, nós não podemos menosprezar nem superestimar o bolsonarismo. Estamos diante de forças obscurantistas, com fome de poder, provavelmente armadas, que se preparam para se impor pelo caos. Portanto, quanto mais tempo tiverem mais tornar-se-ão letais, vide os ensaios da PM, em Recife-PE e da PC, em Jacarezinho-RJ somados à quebra de hierarquia do Exército no caso Pazuello.

Entretanto, ainda é custoso juntar as forças oposicionistas pelo impeachment. As energias despendidas se voltam para as eleições 2022, apostando no enfraquecimento progressivo do genocida, que mantém, com toda a desgraça feita, 23% do eleitorado, a caneta da presidência e uma tropa de choque privilegiada nas redes sociais. As forças conservadoras neoliberais veem passar a boiada independente do (des)governo como a Autonomia do Banco Central, a privatização da Eletrobrás, a Reforma Administrativa etc. Enquanto as forças de centro-esquerda, no campo institucional, quando não se degladiam praticam autofagia.

Obviamente, não se deve descartar a derrota política de Bolsonaro em quaisquer circunstâncias; assim como, a sua permanência, pois a realidade com sua correlação de forças não deve ser olvidada. No entanto, o pior dos mundos é a leitura errada do movimento real e suas tendências e a prevalência da vontade sobre os fatos, sem um rumo consequente. Impedi-lo Já! é condição central para brecar a bancarrota que se instala e frear o avanço das forças reacionárias mesmo que a solução seja conservadora. Aliás, as possíveis saídas aparentam necessitar de algum tipo de pacto, diante desse quadro dantesco.

Assim como a teoria é cinza, e verde a árvore da vida, nos belos versos de Goethe, preparemo-nos para todas as circunstâncias e batalhas, em todos os campos de luta, atentos a todos os movimentos político-sociais, sempre pautados pela esperança de dias melhores. Sem ilusões de classe e menosprezo ao tamanho da empreitada, a crescente mobilização do povo na rua é determinante para abreviar a estada do facínora no Planalto. Os vitoriosos atos 29M e 19J demonstraram suas importâncias.

Sem dúvida é preciso ocupar cada vez mais as ruas com grandes manifestações e suas bandeiras consequentes, tendo à frente a classe trabalhadora e a juventude. Derrotar Bolsonaro, em nome de centenas de milhares de vítimas de seu genocídio; Vacina Já para todos; garantia de democracia e direitos para o povo; desenvolvimento com geração de emprego e renda são necessidades imperativas, que a justa e oportuna condução dos movimentos sociais e populares podem e devem influir para que todas as forças rumem o mais rápido possível para o Impeachment Já!

Que o 3J seja maior!

Belém, 27 de junho de 2021

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