A História cobrará

Nada mais implacável que o julgamento da História que segue o seu fluxo inexorável de dar a medida de cada um: seja por omissão ou por ação

Foto: Jordan Benton

Nada mais implacável que o julgamento da História que segue o seu fluxo inexorável de dar a medida de cada um: seja por omissão ou por ação.

Os subterfúgios usuais que muitos se utilizam para a não avaliação e, consequentemente, para a não responsabilização não resistem à rijeza histórica e o seu julgamento.

Mesmo que contemporaneamente não se ajuíze a culpabilidade, a História conta a seu favor com o tempo – que não se omite e nem se furta – à responsabilização.

Neste sentindo, muitos desses que hoje agem como “paisagem” frente a maior tragédia vivida pelo Brasil, futuramente serão responsabilizados pelas consequências catastróficas das calamidades provocadas por este governo negacionista e criminoso que dirige o Brasil.

As digitais do genocídio, da destruição do meio ambiente, da sânie do Estado Democrático de Direito, do aniquilamento do nosso patrimônio, da retirada de direitos de nosso povo, não estão apenas na figura mórbida de Bolsonaro, mas também, em dezenas de deputados, senadores, empresários e uma legião de imbecis que ainda proporcionam certa sustentação a este governo.

Muitos cumpliciados terão seu quinhão de responsabilidade, muitos são corresponsáveis por este período obscurantista e estupido que vivenciamos. Muitos carregam em si o cheiro da putrescina.

Evidentemente que este desgoverno do terror, da morte e da ignorância terá um encontro inevitável com a justiça: seja ela no Brasil, ou no exterior. E mesmo que não se queira, com a História, pois, os livros não titubearão da condenação eterna, assim como já fizera com outros facínoras.

Neste sentido, cabem as perguntas:

De que lado eu estive?

Fui apoiador, omisso ou lutei contra?

As respostas perturbadoras destas perguntas cobrarão o seu preço e marcarão as suas existências, além de definirem o seu caráter, afinal, a história não perdoa genocídio e crimes cometidos contra a humanidade.

O germinar do ódio, da polarização e da disputa política não suporta o extermínio, a prática criminosa, a captura do Estado, a barbárie, a incivilidade, o retrocesso civilizatório, a negação da própria existência.

Exemplos desta ignomínia levaram a humanidade às guerras, às perseguições, às monstruosidades que envergonham nossa própria espécie.

Lutar contra o negacionismo, contra o genocídio, contra o ódio destilado a cada flash de imbecilização, contra cada ação que condena medidas sanitárias, não é um pressuposto ideológico de direita ou esquerda, mas um diferencial entre a barbárie e a civilização, entre a ignorância e a sabedoria, entre o ódio e o amor, entre a humanidade e a monstruosidade.

Cabe a cada indivíduo decidir de que lado ficará, de como a História o retratará: se sentirá vergonha ou orgulho e se terá humanidade.

O fato é que Bolsonaro e seus cumpliciados já estão condenados pela História e carregam em suas biografias os cadáveres de milhares de brasileiros mortos.

Resta apenas o tempo da justiça que julgará e reservará um bom tempo nos cárceres da existência, pois a condenação histórica estes eles já têm.

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