Metroviários de SP iniciam vigília contra despejo da sede do sindicato por Dória

Pela primeira vez, governo tucano do estado usa o expediente do despejo para atingir a luta sindical.

Manifestação de metroviários em defesa da sede do sindicato

Nesta quarta-feira (23), trabalhadores do Metrô, com apoio de diversos movimentos sindicais, populares, estudantis e parlamentares, fizeram um ato em defesa da sede do Sindicato dos Metroviários. O protesto ocupou duas faixas da avenida Radial Leste. A sede no Tatuapé foi leiloada arbitrariamente pelo governo Doria em ações que os trabalhadores consideram antissindical e antidemocrática.

“O Metrô deu prazo para entrega dos terrenos em que se localizam a sede sindical neste dia 23/6 e a categoria, contando com uma grande rede de apoio e solidariedade, mandam o recado: a sede fica, vai ter luta e resistência!”, disseram os manifestantes.

O terreno onde está a sede foi cedido pelo governo estadual no final da década de 1980 pelo regime de comodato. A sede foi construída com recursos vindos dos próprios trabalhadores e inaugurada em 8/12/1990.

Sem qualquer diálogo com o Sindicato, no dia 28/5 foi realizado o leilão da sede pelo valor de R$ 14,4 milhões, embora seja avaliada pelo mercado em R$ 25 milhões. As construções feitas no terreno são incorporadas como propriedade do governo. A sede, levantada com recursos da própria categoria, tem quadra poliesportiva, estúdio musical, salas e área de lazer. 

“Mandamos uma carta para o Metrô avisando que nós não tínhamos para onde ir, como sair daqui, porque não tinha para onde levar as coisas. Estranhamente, o Metrô marcou a vinda aqui para as 10h, mas não apareceu”, explica Wagner Fajardo, coordenador do sindicato.

De acordo com ele, foi feito um pedido na Justiça para a prorrogação da estada na sede que teve a liminar negada. Hoje, o Sindicato entrou no Tribunal de Justiça e uma desembargadora vai analisar o pedido de reconsideração.

As ações no TCE (Tribunal de Contas do Estado) e na Justiça do estado de SP denunciam os vícios no processo do leilão. A empresa que ganhou a licitação, a UNI 28, foi criada no dia 3/5/2021, com capital social de R$ 10 mil. Apresentou-se como uma microempresa, mas tem uma grande corporação por trás dela, a Porte Engenharia e Urbanismo.

Os trabalhadores apontam que o real motivo de Dória para desalojar o sindicato é impor uma derrota aos metroviários. Afirmam ser uma retaliação, pois a categoria derrotou o governador em dois acordos coletivos. “Se alguém tem alguma ilusão de que o Doria é um democrata, nós não temos nenhuma. Desde que o Doria pisou no Palácio dos Bandeirantes, como governador, ele fechou as portas pro movimento sindical de São Paulo”, disse Fajardo, nesta quinta-feira, em live direto da quadra do sindicato com o Portal Vermelho.

Com informações do Sindicato dos Metroviários

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