Celebrar a vida de João Carlos Haas

O ano era 1951, a calçada da rua Primeiro de Março, em São Leopoldo, recebia o grupo de amigos do João para comemorar seus 10 anos de idade.

João Carlos Haas Sobrinho (de gravata) e sua família

O ano era 1951, a calçada da rua Primeiro de Março, em São Leopoldo, recebia o grupo de amigos do João (João Carlos Haas Sobrinho- menino de gravata) para comemorar seus 10 anos de idade. A fotógrafa oficial de nossa família era a madrinha dele, a famosa Tia Olívia Linck. Sim, graças a ela e sua paixão pelas Kodaks que teve, nós temos registros muito bonitos da família, especialmente deste período. A festinha deve ter sido dentro de casa, no sobrado, onde o João nasceu, também o Beto, a Lena e os gêmeos, Idi e Jorge. A Tania e eu nascemos na casa nova, na João Corrêa. Pelas carinhas alegres da gurizada, percebo que brincavam sempre juntos. Alguns foram reconhecidos pela Lena ontem. Tia Olivia deve ter pedido um tempo para compor a foto, o enquadramento. Ela se preocupava muito com a qualidade das fotos. Recordações que custavam caro naquele tempo. Mas ela curtia e mantinha sempre em dia sua frequência na loja do seu Obermeyer (é assim?). Eu adorava ir com ela lá olhar os negativos, escolher, e depois ver as provas. Aquela mesa de luz me encantava, era mágica. Nossas fotos de família ficaram distribuídas, em cada casa tem algumas, e ficamos trocando figurinhas às vezes, por Whatsapp. Acho que tia Olivia adoraria um celular com estes aplicativos tão úteis para editar fotos. Bem, nestas trocas de imagens, vão juntos os sentimentos, a saudade, as histórias que juntos escrevemos. Muitas eu não participei, pois sou a nenê. Mas eu me delicio imaginando e formando cenas, risadas, mesas de jantar, cantorias, viagens…que não vivi com eles. Mas que me vejo lá, no meio espiando as brincadeiras e ouvindo alguns segredos. O pai e a mãe trocavam segredos em alemão pra gente não compreender. Outras cenas inesquecíveis.
E dentre tantas, vividas e sonhadas, me vejo sempre admirando meus irmãos, curtindo cada memória que vem entre um mate e outro. Por vezes, o mate ( trazido pelo Idi do Paraná) cede espaço para um vinho seco ( comprado no Bourbon pela Tania) ou uma cerveja (daquelas que a Lena coloca gelo). Hoje somos 4 irmãos, dos sete. Amo os detalhes de cada um, os sorrisos, as organizações familiares (um vai e vem de encontros) e os sobrinhos que todos me emprestam como filhos, aqueles que não tive. Amo muito cada cria deles, me dói a alma quando sofrem e choro de alegria pelas conquistas deles! Em cada um vejo traços de nossos pais, Ildefonso e Ilma, duas personalidades raras, especiais e carimbadas com valores ricos e perenes. Neste dia 24, estaríamos todos reunidos para brindar os 80 anos do João, num dia frio de São João, com churrasco, maionese, aipim, farinha e arroz. Acho que a Tia Olívia faria massa caseira embaixo do parreiral, para agradar o afilhado. A mãe capricharia no suco de uva e na torta de bolacha(que vontade de repetir já me dá). A Lena faria doces, muitos tipos de doces, o Beto cuidaria da logística, cadeiras, mesas, comprar a carne, tudo (ele adorava uma festa). O Idi ficaria mantendo o chimarrão sempre renovado, e com o Jorge manteria a cerveja gelada, ambos cantarolando “Aquellos Ojos Verdes”. A Tania arrumaria a mesa, contando mil vezes o número de convidados, talheres, guardanapos, porta pratos. Haja lista! E eu, claro, chegaria com as flores e enfeites, balões e lembrancinhas(que tal uma taça com a palavra: saúde?). O pai checaria o som, instrumentos do Clinica Geral, nosso grupo familiar, bandinha de garagem, tudo limpo e no lugar certo. Ninguém mexe!! E o aniversariante chegaria de Porto Alegre já na horinha do almoço…sorridente e brincalhão, afinal 80 anos não é para qualquer um.
E a gente ia curtir muito: todos a conversar, comer, rir, abraçar e dançar.
Ops…cochilei. Que horas são, hein?
O ano é 2021 e o aniversário do João será uma live, entre amigos e família, um encontro virtual.
Porque ele merece!
Porque nós queremos celebrar a sua vida!
Porque a vida merece os nossos sonhos!

João Carlos Haas Sobrinho, PRESENTE!
Com amor te homenageio!
Assinado: “Bagúio”
(eu, Sônia)

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