Livro analisa políticas de combate à desigualdade em São Paulo

Na obra, professor Eduardo Cesar Leão Marques explora a trajetória de políticas públicas em São Paulo e a falta de estudos acerca das políticas públicas locaisralmente focadas aprnas em políticas nacionais

“A Política do Progressivismo Incremental: Governos, Governos e Mudanças na Política Urbana em São Paulo” explora políticas públicas que combatem desigualdade – Arte de Lívia Magalhães com imagens de Pixabay

O bem-estar das populações que moram em grandes cidades geralmente está atrelado às políticas e a governos locais, principalmente para mitigar as desigualdades. É sobre isso que o livro A Política do Progressivismo Incremental: Governos, Governos e Mudanças na Política Urbana em São Paulo (2021) aborda uma análise sobre as políticas públicas de redução da desigualdade em São Paulo e a conexão entre os estudos urbanos e a ciência política. O livro foi lançado pela Editora Wiley na série de livros Series in Urban and Social Change (Susc), ligada ao International Journal of Urban and Regional Research (IJURR), um dos maiores periódicos internacionais no que se refere a pesquisas sobre o meio urbano.

Capa do livro – Foto: Reprodução/Wiley

O autor do livro é o professor e pesquisador do Departamento de Ciência Política (DCP) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e diretor do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da USP, Eduardo Cesar Leão Marques. Marques revela que o livro faz parte de um projeto do CEM em parceria com a Fapesp e com governanças de políticas públicas nas grandes cidades de São Paulo, Londres, Paris, Cidade do México e Milão. O objetivo do estudo é produzir argumentos gerais e comparativos dessas cidades, além de entender quais são os motivadores da produção das políticas públicas locais no combate à desigualdade. 

De acordo com o pesquisador, uma boa parcela da literatura sobre a construção de políticas públicas está debruçada sobre os processos ligados ao nível nacional, enquanto o estudo de instituições locais ainda é raso, e que há uma certa lacuna entre os estudos de instituições urbanas e a ciência política. “Um dos objetivos desse projeto é colocar essas duas literaturas em contato e criar um diálogo entre os estudos urbanos e a ciência política, que permita entender as políticas do urbano”, afirma o autor do livro. 

Considerando uma série de políticas que vão desde mobilidade urbana até produção de habitação, por exemplo, a obra busca entender qual a trajetória dessas políticas em São Paulo. “O foco principal são os programas dessas políticas, que reduzem desigualdade, por exemplo, programas de urbanização de favela, de faixas exclusivas de ônibus que permitem reduzir a diferença de tempo de transporte entre os usuários de ônibus e de automóveis. Estamos interessados em saber por que e como são criados e mantidos programas desse tipo de política, que podemos chamar de redistributiva urbana.”

Como conclusão, os estudos apontaram que, desde o fim dos anos 1980, o conjunto das políticas redistributivas foi sendo cada vez mais frequente e variado ao longo do tempo. Mesmo a inovação desses programas ficando restrita a governos de esquerda, há uma certa permanência destes nas políticas com o passar do tempo. “É como se as soluções de política pública e as tecnologias a elas associadas ficassem salvas em outro lugar na sociedade civil para serem recuperadas posteriormente”, conclui o professor Marques.

Edição de entrevista à Rádio USP

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