Governo troca comando da PM de Pernambuco e afasta oficiais

Governador anunciou, na noite desta terça (1º), que ‘aceitou a exoneração’ do coronel Vanildo Maranhão. Ele será substituído pelo coronel José Roberto Santana, que era diretor de Planejamento Operacional.

JCMAZELLA/SINTEPE

O governo de Pernambuco anunciou, nesta terça-feira (1º), a mudança no comando da Polícia Militar. A exoneração do coronel Vanildo Maranhão ocorreu três dias depois de uma ação violenta de PMs que deixou feridos, presos e provocou reação sobre a conduta da tropa, durante protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), no sábado (29), no Centro do Recife.

O coronel Vanildo Maranhão, segundo o governo, foi substituído pelo coronel José Roberto Santana. O oficial, que ocupava o cargo de diretor de Planejamento Operacional da PM, será nomeado na quarta (2). O estado também afastou mais dois oficiais, além dos cinco já punidos no dia da operação.

A ação truculenta deixou pessoas feridas e duas delas tiveram perda parcial de visão. A vereadora Liana Cirne (PT) foi atingida por spray de pimenta no rosto. O cantor Afroito foi preso na manifestação e disse que temeu ser sufocado.

Por meio de nota, o estado informou que “o governador Paulo Câmara (PSB) “aceitou o pedido de exoneração” do comandante da Polícia Militar, Vanildo Maranhão, feito no início da noite desta terça-feira”.

Em pronunciamento pela internet, Câmara disse que analisou “incessantemente imagens, relatos e vídeos de todo o ocorrido na manifestação do último sábado”.

Diante disso, o governador afirmou que conversou com o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, e com o comandante da PM sobre a posição “de que aquela ação não condiz com as tradições e valores da Polícia Militar de Pernambuco, uma instituição quase bicentenária e de tantos serviços prestados”.

O chefe do Executivo também agradeceu ao coronel Vanildo “pelos anos de dedicação ao Pacto pela Vida e ao governo”.

Afirmou, ainda, que conta com o trabalho do coronel Roberto “para que tenhamos sempre uma polícia dura contra o crime, mas que seja guardiã dos direitos humanos e da cidadania”.

“Não uma polícia que atire no rosto das pessoas ou que impeça alguém ferido de ser socorrido, mas uma polícia que represente os anseios de uma sociedade pacífica, plural e democrática. Esses princípios são inegociáveis e deles jamais vamos abrir mão”,

Sobre os procedimentos abertos para apurar a conduta dos PMs, o governo disse que “as investigações sobre as responsabilidades das agressões praticadas por policiais militares durante a manifestação ocorrida no último sábado no centro do Recife continuam”.

Por fim, a nota afirma que “há procedimentos investigatórios instaurados pela Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social e pela Polícia Civil”.

Pronta-resposta

Ainda no sábado (29), a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB) declarou que o estado não tinha determinado a ação. O governador Paulo Câmara informou, no mesmo dia, que tinha afastado o comandante da ação e policiais envolvidos.

Na segunda (31), o secretário de Justiça, Pedro Eurico, repetiu que a ordem não partiu do governo e disse que não “há uma Polícia Militar paralela em Pernambuco”.

Antes do anúncio da troca de comando na PM, o secretário de Defesa Social (SDS) esteve, nesta terça, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Ele participou de uma reunião na Comissão de Direitos Humanos, em que tratou do assunto.

O presidente do Legislativo, Eriberto Medeiros (PP), afirmou que o secretário disse que a ordem não teria partido dele, mas não disse quem determinou a repressão.

Também nesta terça, a Associação Pernambucana de Cabos e Soldados deu uma versão da tropa para a ação violenta de sábado.

Presidente da entidade, Albérisson Carlos afirmou que o Batalhão de Choque não “saiu do quartel a seu bel-prazer”. Declarou também que nenhum “policiamento especializado vai para aquele local por vontade própria e que vai porque quem está monitorando sentiu a necessidade”.

O Ministério Público de Pernambuco abriu um inquérito civil. Nesta terça, o MPPE disse que o secretário Antônio de Pádua foi alertado para o protesto de sábado pela 7ª Promotoria de Justiça e Direitos Humanos, que solicitou que ele orientasse a Polícia Militar para “evitar eventuais excessos”.

Com informações do G1

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