Oposição de Israel se une para afastar Netanyahu do poder

pós uma longa e difícil negociação entre grupos rivais, os partidos israelenses de oposição anunciaram nesta quarta-feira ter montado uma frente ampla majoritária para derrotar Benyamin “Bibi” Netanyahu e colocar fim a seus 12 anos seguidos de governo.

O ultranacionalista Naftali Bennett (à esq.) e o centrista Yair Lapid fecharam uma aliança para tirar o primeiro-ministro Benyamin Netanyau do poder, em Israel. AP - Ronen Zvulun

No limite do prazo, o líder da oposição israelense, Yair Lapid, informou ao presidente Reuven Rivlin ter conseguido apoio para formar um novo governo.

“Eu me comprometo com o senhor Presidente que este governo vai trabalhar para servir a todos os cidadãos de Israel, inclusive os que não são membros dele, vai respeitar aqueles que fizerem oposição, e fará tudo o que puder para unir todas as partes da sociedade de Israel”, afirmou o centrista em uma carta ao presidente.

Para conseguir os 61 votos necessários, o centrista Yair Lapid reuniu grupos cujo único interesse em comum é o de tirar Netanyahu do poder. A aliança de conveniência tem o apoio de grupos tão diversos quanto a extrema direita do partido Yamina, de Naftali Bennett, e um partido árabe israelense Raam, de Mansour Abbas. 

Lapid e o ultranacionalista Bennett concordaram em unir suas forças e revezar o posto de primeiro-ministro, começando por um mandato de Bennett.

Alianças sob ameaça

Nos últimos dias, a pressão foi grande para evitar este acordo histórico. Representantes do partido Yamina foram classificados como “traidores” e sofreram ameaças de morte. O Knesset (Parlamento israelense) teve que reforçar a segurança de Bennett e de outro deputado ultranacionalista.

Os próximos dias não devem ser mais calmos. Para tirar Netanyahu do poder, a aliança precisará ser aprovada pelo Knesset, em uma votação esperada para acontecer na próxima semana.

Quinze anos no poder

Aos 71 anos, Netanyahu é o primeiro-ministro que governou Israel por mais tempo. Ele esteve à frente do poder entre 1996 e 1999, e voltou ao posto dez anos mais tarde, onde está desde então.

Julgado por “corrupção” em três casos, ele é o primeiro chefe de Governo israelense que enfrenta processos penais durante seu mandato. Caso perca a imunidade garantida por sua condição de primeiro-ministro, as ações podem levá-lo a uma punição.

Um motivo a mais para que o conservador continue sua luta para convencer legisladores a abandonarem a frente de oposição até a próxima semana.

Se a frente ampla fracassar, os israelenses terão de voltar às urnas pela quinta vez em dois anos.

Fonte: RFI