Depoimento de médica prova que Queiroga mentiu na CPI, diz Omar Aziz

Ao ser questionada pelo motivo de não assumir o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, a médica disse que o ministro lhe comunicou que seu nome não passaria no crivo da Casa Civil da Presidência da República

Médica infectologista Luana Araújo, em depoimento na CPI (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), disse que o depoimento da infectologista Luana Araújo, nesta quarta-feira (2), prova que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mentiu na comissão ao dizer que tinha autonomia para nomear sua equipe e realizar o trabalho na pasta. Ao ser questionada pelo motivo de não assumir o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, a médica disse que o ministro lhe comunicou que seu nome não passaria no crivo da Casa Civil da Presidência da República.

“O ministro, com toda a hombridade que ele teve ao me chamar, ao fazer o convite, me chamou ao final e disse que lamentava, mas que a minha nomeação não sairia, que meu nome não teria sido aprovado”, disse a médica. Para ela, caso tenha havido veto a sua nomeação por suas posições técnicas e científicas é um fato “extremamente trágico e vergonhoso”.

Omar Aziz afirmou que a não nomeação é prova da ingerência política no Ministério da Saúde, da ação do “gabinete paralelo” e preferência pela imunidade de rebanho como forma de enfrentamento da pandemia. De acordo com ele, as posições da médica são claras a favor das ações com base nas evidências científicas.

“Sua presença mostra que governo não busca pessoas qualificadas. A senhora não compactou com o governo nessa loucura”, disse Omar, para quem o ministro Queiroga mentiu na CPI ao dizer que tinha autonomia na pasta da Saúde.

Omar lembrou que Queiroga disse que teria autonomia pra nomear quem ele quisesse. “Já está provado que não é verdade, ele mentiu aqui pra gente. E, quando a gente fala a palavra mentiroso é porque realmente são fatos, mentiu”, assegurou.

“É inacreditável como a senhora, tendo mestrado e se formado numa das melhores universidades do mundo na área de saúde, seja vetada pelo governo”, lamentou Omar.

Segundo ele, está claro para a comissão que no governo não há interesse em quem tem capacidade pra gerenciar essa crise. “Estão interessados para quem compactua com alguém que, desde o primeiro momento, acreditou no tratamento precoce e na imunização de rebanho”, completou.

“A senhora é vetada na Casa Civil por uma razão, por duas razões. A primeira, por não compactuar politicamente com as ideias oriundas daquele gabinete paralelo; e a segunda, se a senhora estivesse envolvida com processo de corrupção ou coisa parecida, coisa que não é o seu caso”, afirmou o presidente da CPI.

Tratamento precoce

No depoimento, Luana disse que o chamado tratamento precoce, com uso de medicação sem comprovação científica no tratamento da Covid-19, é uma questão que já foi superada. “Estamos aqui discutindo algo que é ponto pacificado no mundo inteiro (…) É como se estivéssemos discutindo de qual borda da terra plana vamos pular”, criticou.

Ela considerou a defesa do tratamento precoce com uso de cloroquina “uma posição delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente.”

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