Otto Alencar desmascara Nise Yamaguchi, defensora da cloroquina na CPI

O senador, que é médico, fez questionamentos básicos da área de infectologia para a médica que não soube responder. “A senhora sabe qual é a diferença entre um protozoário e um vírus? Pode dizer?”, questionou Otto

Nise Yamaguchi e o senador Otto Alencar na sessão da CPI (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)

“A senhora sabe qual é a diferença entre um protozoário e um vírus? Pode dizer?”, questionou o senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico, ao inquerir Nise Yamaguchi na CPI da Covid nesta terça-feira (1º). Depois de um momento de silêncio, a médica disse que iria responder a todas as perguntas. “Pela ordem”, tentou ajudar o governista Marcos Rogério (DEM-RO) que foi ignorado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), que pediu a depoente para responder.

Conhecida como conselheira de Bolsonaro no tema polêmico da cloroquina, a médica oncologista recebeu uma deixa para se explicar cientificamente ou até mesmo rebater uma suposta pegadinha do senador baiano. Não era o caso. A defensora do tratamento precoce não sabia a resposta.

Depois de muita insistência, afirmou: “Os protozoários são organismos celulares, e os vírus são organismos que têm um conteúdo de DNA ou RNA”. “Não, senhora. Não, senhora, tenha paciência”, lamentou Otto. “A senhora não é infectologista. Se transformou de uma hora para outra, como muitos no Brasil se transformaram em infectologistas. E não é assim”, criticou.

A parti daí o senador deu a seguinte explicação: “Os protozoários são organismos mono ou unicelulares, e os vírus são organismos que têm uma proteção proteica, capsídeo, e internamente o ácido nucleico, completamente diferente do que a senhora falou aí. A senhora não soube explicar o que é um vírus. Vírus não são nem considerados seres vivos. Portanto, uma medicação para protozoário nunca cabe (…) Sempre, nunca cabe para vírus”.

O senador já havia corrigido o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello que disse aos senadores que a cloroquina é um medicamento antiviral. “Cloroquina é antiprotozoário, não é antiviral”, disse o senador na ocasião.

Sem resposta

Outras perguntas foram feitas pelo senador: “Quando surgiu o H1N1, a gripe H1N1, a ciência foi atrás de um medicamento antiprotozoário ou antiviral? Me diga, responda!”, apertou o senador. “Não, foi um antiviral”, respondeu. “Antiviral. Pois bem, não foi antiprotozoário. A ciência agora está buscando para o coronavírus. Aliás, a senhora sabe a que família, a que grupo pertence o Covid-19?”, continuou Otto. “Ao coronaviridae. Ele é um coronavírus”, disse. “Hein? Mas a que grupo?”, questionou.

Sem resposta novamente, Otto voltou a explicar: “A senhora não sabe, infelizmente. A senhora não sabe nada de infectologia. Nem estudou, doutora! A senhora foi aleatória mesmo, superficial. O Covid-19 é da família dos betacoronavírus (…) Me perdoe, eu não queria nem constranger a senhora, porque eu vi logo do começo que a senhora sabia oncologia e imunologia, mas não tinha nada de conhecimento de infectologia. Já vi logo do começo. Eu não queria nem falar isso. Estava na dúvida se eu vinha lhe questionar ou não, para não deixar a senhora, como se diz na gíria, em saia justa.”

Antes, o senador já havia pedido todos os documentos sobre o tratamento orientado por ela a mais de 300 pacientes. “Como é que a senhora, com a responsabilidade que tem, diz que tratou 370 e tantos doentes, sem comprovar os doentes, sem mostrar os exames? Isso é leviano! Não dá para dizer que tratou e não apresentar comprovação. (…) Isso não é honesto. É fundamental que façam exames para mostrar a evolução do paciente”, criticou.

Autor