Além do cessar-fogo, Fepal pede fim da ocupação de Israel na Palestina

Entidade representante da comunidade palestina no Brasil comemora cessar-fogo, mas adverte para genocídio na região

A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) comemorou o cessar-fogo entre palestinos e israelenses nesta sexta-feira (21), mas reforçou que a solução é apenas momentânea. Segundo a entidade, foi “mais uma rodada de matança israelense na Palestina” com elevado nível de destruição, tanto material quanto humano.

Foram mais de 240 palestinos mortos pelos ataques israelenses. Apesar de celebrar o acordo, a Fepal reforça que as ações do governo de Israel são constantes e ferem os princípios do Direito Internacional.

Para entidade, Israel provoca um “ciclo vicioso que normaliza o genocídio continuado na Palestina, a metódica limpeza étnica.” O fim da ocupação israelense na Palestina passa pela atuação da ONU para garantir os direitos universais na região.

A Fepal reúne associações e sociedades palestino-brasileiras espalhadas por cem cidades brasileiras e atua na defesa dos interesses das comunidades de origem palestina. A estimativa de palestinos imigrantes e descendentes no Brasil é de cerca de 60 mil pessoas.

Nota da Fepal

Mais do que cessar-fogo, o cessar da ocupação

Recebemos com alegria o cessar-fogo e o fim de mais uma rodada de matança israelense na Palestina, com mais de 240 mortos, milhares de feridos e mutilados, desabrigados, danos materiais de centenas milhões de dólares, destruições de casas, hospitais, escolas, negócios, infraestruturas de água, esgoto, eletricidade, vias públicas.

Entretanto, não podemos seguir vivendo os crimes de Israel contra a Palestina de tempo em tempo, a destruição de tempo em tempo, os cadáveres e escombros de tempo em tempo e aceitar que tudo se “resolve” com mais um cessar-fogo. Não podemos seguir comemorando, de tempo em tempo, o fim de cada matança, nas quais morrem mais de 20 palestinos para um israelense, e aguardando a próxima, que necessariamente virá, em seguida novo cessar-fogo, e assim renovar-se um ciclo vicioso que normaliza o genocídio continuado na Palestina, a metódica limpeza étnica.

Não. É necessário um cessar da ocupação israelense da Palestina e o fim de todos os crimes de guerra e de lesa humanidade daí decorrentes. Sem isso, a vida palestina seguirá a rotina interminável da destruição, que, depois de consumada, será interrompida por novo cessar-fogo.

Israel obtém o sangue palestino que busca, inclusive para resolver seus problemas políticos domésticos, e um cessar-fogo, que garante sua impunidade, é louvado e aplaudido. Os crimes de Israel é que precisam cessar, não meramente sua fúria momentânea, até que venha a próxima.

Assim, é preciso dar fim a este ciclo vicioso. Novas agressões e novos e inúteis cessar-fogo só terão fim da cena Palestina quando Israel sofrer as consequências de seus atos. A Comunidade Internacional deve assumir suas responsabilidades e impor a Israel total obediência às resoluções da ONU, ao Direito Internacional, bem como garantir proteção internacional ao povo palestino.

Novamente cumprimentamos o povo palestino por sua bravura, agradecemos à solidariedade internacional nas ruas de todo o mundo, razão maior que levou os EUA a ordenaram a Israel a cessação de mais esta carnificina, assim como renovamos nossa luta a partir desta diáspora árabe palestino-brasileira.

Palestina Livre a Partir do Brasil, 21 de maio de 2021, 74º ano da Nakba.