Ex-ministro Ernesto Araújo é repreendido por começar mentindo na CPI

Ele falou em “relação madura e construtiva com a China”, o que não é verdade. Disse ainda que nunca houve atrito com a China para dificultar a importação daquele país de insumos para a vacina contra o coronavirus

Ernesto chega à sala da CPI para seu depoimento (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo começou seu depoimento na CPI da Covid com uma fala que não corresponde a então política externa de isolamento executada por ele que levou o país a condição de pária internacional. Ele falou em “relação madura e construtiva com a China”, o que não é verdade. Disse ainda que nunca houve atrito com a China para dificultar a importação daquele país de insumos para a vacina contra o coronavirus.

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD), lembrou que ele estava sob juramento e que já havia feito várias declarações contra a China quando era ministro. “Na minha análise, Vossa Senhoria está faltando com a verdade. Não faça isso”, advertiu.

Em abril do ano passado, o ex-ministro escreveu um artigo que alertava para o chamado “projeto globalista” que poderia “despertar novamente para o pesadelo comunista”. O chanceler sustentou ainda que o “comunavírus”, que ele chama de “vírus ideológico”, era mais perigoso que a Covid-19. Na ocasião, já havia 180 mil vítimas em todo o planeta.

Ele também disse que nunca teve atrito com o embaixador da China, o que também não é verdade.Araújo se envolveu em atrito com a embaixada chinesa após o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, insinuar em seu Twitter que a China era responsável pela pandemia. Na ocasião, o ex-ministro criticou o embaixador Yang Wanming por achar que era “inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao Chefe de Estado do Brasil”.

“Se permite, eu nunca tive discussões com o embaixador da China. Eu fiz duas notas do Itamaraty: uma em março e uma em novembro, notas oficiais do Itamaraty, justamente apontando comportamento inadequado dentro da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas por parte do embaixador da China, em março, depois em novembro. Isso não é um bate-boca”, justificou.

“Então, eu vou dizer: uma das maiores injustiças que o presidente Bolsonaro fez foi pedir a sua carta de demissão. Que injustiça que cometeram contra Vossa Excelência. Foi uma injustiça muito grande, porque Vossa Excelência é uma pessoa que realmente não teve atrito, não é? O Senado aqui se posicionou muito duramente em relação à sua vinda aqui por causa disso”, ironizou Omar Aziz.

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