Amazônia tem dois meses consecutivos com recorde de desmatamento

Imazon indica pior taxa de desmatamento dos últimos 10 anos em março e abril na Amazônia Legal

Garimpo ilegal na Terra Indigena Munduruku, municí­pio de Jacareacanga | Foto: Marizilda Cruppe/Amazo´nia Real/Amazon Watch

O desmatamento na Amazônia Legal atingiu o maior nível para o mês de abril dos últimos 10 anos. Em 2021, uma área total de 778 km² foi devastada nesse mês e é o segundo período consecutivo de recorde do desmatamento na região. Em relação à 2020, o aumento no desmatamento foi de 45%. Os números são do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), com base no SAD (Sistema de Alerta do Desmatamento) por meio de monitoramento via satélite.

O mês de março de 2021 também apresentou os piores índices dos últimos 10 anos, com 810 km² desmatados. Os primeiros 4 meses de 2021 possuem os piores números da última década e têm área total devastada superior ao dobro de 2020.

As áreas com maior devastação ocorreram em espaços particulares ou sob estágios de posse, segundo o SAD. Um novo estudo do Instituto Socioambiental (ISA) corrobora os dados do Imazon ao identificar o aumento da invasão de terras públicas (grilagem) na Amazônia e o consequente aumento do desmatamento nessas áreas entre 2018 e 2020. Segundo o levantamento, esses números mostram o impacto de projetos de lei como o PL 510/2021 e o PL 2633/2020, os “PLs da grilagem”, que poderão anistiar desmatamentos recentes e aumentar a expectativa de regularização das invasões

Pressão por maior conservação

O governo Bolsonaro é pressionado pela comunidade internacional para controlar o desmatamento na Amazônia e pode sofrer sanções comerciais caso não apresente resultados satisfatórios.

Em abril, na Cúpula do Clima, o governo brasileiro afirmou que faz esforços para a preservação ambiental e precisa de mais recursos para controlar a ação predatória nas florestas. Na prática, o ministério do Meio Ambiente e o presidente da República discursam contra os órgãos responsáveis pela fiscalização e aprovam medidas contra o combate do desmatamento ilegal.

Atos realizados pela sociedade civil e organizações não governamentais ligadas aos movimentos indígenas alertaram a comunidade internacional sobre a atuação irresponsável do governo federal. Atualmente, o incentivo do presidente da República ao garimpo ilegal é retratado pelos conflitos na Terra Indígena Yanomami.

O Plano Amazônia 2021-2022, com uma série de objetivos e diretrizes para o combate ao desmatamento na região amazônica nos próximos dois anos, é alvo de críticas de especialistas. O governo pretende reduzir a taxa de desmatamento à 8.790 km²/ano, um número 16% maior do que a área que foi desmatada em 2018, último ano antes da eleição de Jair Bolsonaro.

Nos dois primeiros anos de mandato, governo acumula os maiores índices da série histórica na Amazônia do Deter, sistema de fiscalização do Inpe que monitora desmatamento em áreas florestais. Os alertas de desmatamento na Amazônia acumulados superam, em média, em 82% aos números dos três anos anteriores.

Com informações de Uol