Bolsonaro poderia salvar vidas com vacinas da Pfizer, dizem deputados

Governo brasileiro ignorou oferta de 70 milhões de vacinas da Pfizer em 2020. Deputados acreditam que celeridade do governo em tratativas para garantir vacinas que estavam disponíveis para o país poderia ter salvado centenas de milhares de vidas

Mesa diretora da CPI da Covid (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

A Covid-19 já vitimou quase 430 mil brasileiros desde o início da pandemia. No entanto, caso a postura do governo brasileiro em relação à pandemia fosse outra, muitas vidas poderiam ter sido preservadas. É o que avalia lideranças na Câmara dos Deputados, a partir do depoimento do presidente da Pfizer da América Latina e ex-presidente da farmacêutica no Brasil, Carlos Murillo, nesta quinta-feira (13), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado.

De acordo com Carlos Murillo, o diálogo entre a Pfizer e o governo federal por vacinas começou em maio de 2020 e, em agosto foram feitas duas ofertas, uma de 30 milhões de doses e outra de 70 milhões de doses a serem entregues em 2020 e 2021. Na ocasião, no entanto, as negociações não avançaram.

“Nossa oferta de 26 de agosto tinha uma validade de 15 dias. Passados os 15 dias, o governo brasileiro não rejeitou, mas tampouco aceitou a oferta”, disse o dirigente da Pfizer. “Depois de feitas essas ofertas, data de 12 de setembro, nosso CEO enviou uma carta ao governo do Brasil se oferecendo para um acordo”, completou o representante da farmacêutica.

“As primeiras reuniões de tratativa da vacina da Pfizer com o Brasil, sobre a oferta de vacina, começaram em maio de 2020. Passado um ano das primeiras negociações, os números de mortos no Brasil seguem subindo. Nas últimas 24h foram 2.545 mortes por Covid”, lamentou o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE).

Para o vice-líder da legenda, deputado Daniel Almeida (BA), “o cenário de horror” que vive o Brasil poderia ser diferente, caso “houvesse um gestor decente que se preocupasse com as vidas”. “Bolsonaro é genocida sim, e precisa ser responsabilizado”, pontuou.

O deputado Orlando Silva (SP) também classificou a postura do governo brasileiro como “negligência criminosa”. “Se Bolsonaro não tivesse ignorado a oferta da Pfizer em agosto de 2020, seriam entregues ao Brasil 18,5 milhões de doses de vacinas até junho de 2021. Centenas de milhares de vidas teriam sido salvas. Bolsonaro é um genocida”, afirmou.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também classificou Bolsonaro de “genocida”, após a confirmação do executivo da Pfizer de que o governo brasileiro ignorou ao menos três ofertas de vacinas. “Salvar vidas nunca foi o objetivo desse presidente genocida”, disse Alice.

“A vacinação nunca foi prioridade. Apostaram e criaram o caos sanitário”, completou a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP).

“Genocida”

A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, destacou que o executivo confirmou na CPI da Covid não ter recebido retorno sobre a carta com propostas de vacinas para o Brasil. “Disse que foram ofertadas 70 milhões de doses, 1,5 milhão de para 2020. 110 países fecharam acordo e o GENOCIDA IGNOROU! #CPIdaCovid”, postou no Twitter.

O líder do partido na Câmara, Bohn Gass, diz que o gerente confirmou o fato grave de o governo ignorar as vacinas. “É a comprovação da negligência genocida”, afirmou. Outra revelação é que Bolsonaro chamou seu assessor Filipe Martins para a reunião com a Pfizer.

“Aquele que é acusado de, numa audiência no Senado, ter feitos gestos característicos do movimento racista da supremacia branca. Deu no que deu: Brasil sem vacina e quase meio milhão de mortes”, disse.

Ele também questionou a presença do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) no encontro com a empresa. “Desde quando ser filho do presidente autoriza alguém a participar de reuniões que decidem medidas vitais para o país como a compra de vacinas? Carluxo é vereador, não ministro e, do que sei, cursou ciências aeronáuticas, portanto, nada entende de vacina”, protestou.

Para o líder da minoria na Casa, Marcelo Freixo (PSOL-RJ), também considerou grave a participação de Carlos Bolsonaro e Filipe Martins, assessor supremacista de Bolsonaro, participarem de reunião para negociar vacina com a empresa. “Eles precisam ser convocados pela CPI da Covid!”, disse.

“Executivo da Pfizer confirmou que ofereceu 70 milhões de doses de vacinas para o Brasil em 2020. E que poderiam ter sido entregues, ainda no ano passado, 1,5 milhão de doses. Mas o governo Bolsonaro ignorou”, criticou o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).

Fonte: Liderança do PCdoB na Câmara dos Deputados


 

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