Ministro Marcelo Queiroga deve ser reconvocado a depor na CPI da Covid

“Há um sentimento meu, do senador Omar (Aziz, presidente da CPI) e do Renan (Calheiros, relator) que há necessidade de reconvocação do ministro Queiroga. O depoimento de hoje de Barras Torres fortalece, entre nós, essa convicção”, disse o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante depoimento na CPI (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deve ser reconvocado a depor na CPI da Covid do Senado. Após a oitiva nesta terça-feira (11), com o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância a Saúde (Anvisa), Antonio Barra Torres, a direção da comissão avaliou necessária a reconvocação, uma vez que muitos questionamentos ficaram sem respostas, ao contrário do dirigente da agência que não se omitiu sobre questões como isolamento social, cloroquina e vacina.  

“Há um sentimento meu, do senador Omar (Aziz, presidente da CPI) e do Renan (Calheiros, relator) que há necessidade de reconvocação do ministro Queiroga. O depoimento de hoje de Barras Torres fortalece, entre nós, essa convicção”, disse o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

De acordo com ele, percebeu-se que o almirante e médico da Marinha esteve à altura da função que exerce na Anvisa. Randolfe diz que ele teve um depoimento “contundente e sincero”, sobretudo na confirmação da presença na reunião na qual Bolsonaro pressionou para mudar a bula da cloroquina a fim de indicar o medicamento para tratamento da Covid-19.

“Nessa dita reunião fica patente no depoimento que o senhor Barra Torres se resignou a aceitar (…) Isso mostra duas evidências: a existência de um comando paralelo de enfrentamento da pandemia e uma obsessão pelo tratamento precoce sem nenhuma evidência científica. Foi um depoimento de sua importância”, avaliou o vice.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que o depoente passou para o Brasil o que a ciência pensa sobre o combate à pandemia. “Parabéns pelo seu posicionamento sobre isolamento, sobre vacina e sobre aglomeração. É muito importante que quem está nos ouvindo ouvir de um profissional, de uma pessoa que está num cargo muito importante e que pode ajudar a salvar muitas vidas, dar esse depoimento aqui”, afirmou Aziz.

“Ele (Barra Torres) confirmou a reunião para mudar a bula da cloroquina, enumerou os participantes do chamado ministério paralelo, além de ter defendido as vacinas e criticado aglomerações”, avaliou o relator Renan Calheiros.

Requerimento

O senador Humberto Costa (PT-PE), titular da comissão, ingressou com requerimento com novo pedido de convocação de Queiroga. Além das perguntas sem respostas, o petista diz que o ministro se esquivou de prestar contas ao Senado sobre atos que estavam prontos e só foram divulgados após o fim do seu depoimento.

“Ele (Queiroga) disse que não havia mais protocolo de cloroquina no SUS. No entanto, a orientação do Ministério da Saúde continua ser fazer o tratamento precoce para Covid”, afirmou o senador. No documento entregue à comissão, ele diz que Queiroga “foi lacônico em muitos aspectos, inclusive e sobretudo porque alegou estar há poucos dias na condição de ministro da Saúde”.

“Isso, por si só, já foi um gesto desrespeitoso. Ele deveria ter estudado os temas para vir ao depoimento minimamente munido. Sua fala também foi contraditória em diversos aspectos”, disse.

O senador, que já foi ministro da Saúde, afirmou que, mesmo médico e tendo presidido a Sociedade Brasileira de Cardiologia, que condenou o uso da cloroquina, da azitromicina, da ivermectina e da hidroxicloroquina contra a covid, o ministro fez de tudo para não confrontar Bolsonaro. “E mais: até hoje, não revogou portaria do Ministério que prescreve o uso de medicação para esse fim”, ressaltou.

Humberto criticou ainda Queiroga por não ter trazido ao conhecimento da CPI o fato de que sua pasta, dois dias antes, tinha editado uma portaria dispondo sobre procedimentos de cobrança administrativa e de instauração de tomada de contas especial em relação a recursos do Ministério da Saúde, aumentando a pressão sobre estados e municípios.

“Essa portaria mostra que há uma ação coordenada no governo federal para minar nossos esforços e evitar a apuração das mais de 420 mil mortes a que chegamos até agora. Não vamos nos desviar. Não vamos perder a nossa rota”, disse Humberto.

Agenda

Na quarta-feira (12), a partir das 10 horas, vai ser ouvido o advogado e publicitário Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo federal. A CPI vai ouvir ainda, na quinta-feira (13), o representante do laboratório Pfizer, a partir das 14 horas.

Com informações da Assessoria de Comunicação de Humberto Costa

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