Vacinando devagar e sem plano econômico, país se apoia em commodities

Governos anteriores chegaram a fazer movimentos para uma política industrial, ainda que tímidos. No entanto, o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, não tem qualquer plano nesse sentido.

Sem plano de estímulo à economia e com a vacinação a passos de tartaruga, o Brasil volta a basear suas expectativas de crescimento em um boom de commodities. As commodities são produtos básicos com cotação internacional, com preços sujeitos à volatilidade dos mercados.

O fenômeno de alta dos preços de produtos como minério de ferro tem relação com o aquecimento das economias da China e Estados Unidos (que ganha nova tração com um superpacote de estímulo de Joe Biden). Além disso, o dólar, moeda em que as commodities são negociadas, está valorizado.

Segundo o jornal Valor Econômico, o cenário pode ampliar a participação das cadeias de commodities no Produto Interno Bruto (PIB) de perto de 40% em 2020 para cerca de 45% neste ano, considerando desde extração e produção até exportação e serviços finais.

No entanto, como as commodities estão sujeitas a fatores externos e os mercados são voláteis, elas não são garantia de um crescimento sustentado. A economia brasileira tornou-se excessivamente dependente dos produtos básicos em meio a um processo de desindustrialização. Governos anteriores chegaram a fazer movimentos para uma política industrial, ainda que tímidos. No entanto, o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, não tem qualquer plano nesse sentido.

Analistas consultados pelo Valor Econômico também destacaram que a retomada da economia brasileira como um todo em 2021 depende de fatores domésticos como o ritmo de vacinação, com a superação da pandemia que torne possível reduzir as restrições de isolamento social e elevar a renda disponível.

O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, disse ao jornal que o novo ciclo de commodities deve perdurar ainda por algum tempo. Nos próximos 12 a 18 meses, a esperada reabertura do mundo com a vacinação e o pacote fiscal dos Estados Unidos são os fatores que devem impulsionar a demanda.