PF intima Sonia Guajajara por críticas ao governo Bolsonaro

Após denúncias de violações apresentadas na websérie Maracá, Polícia Federal atende pedido da Funai e intima líder indígena

Sonia Guajajara discursa em sessão especial no Plenário do Senado em 2015 | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

A líder indígena Sonia Guajajara foi intimada pela Polícia Federal a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai), que acusa Guajajara de difamar o governo federal com a websérie Maracá.

A ativista publicou em suas redes sociais que “a perseguição desse governo é inaceitável e absurda! Eles não nos calarão!”

Sonia Guajajara é coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organização que atua em âmbito nacional pela garantia dos direitos indígenas. A Apib divulga dados, documentos e material audiovisual da ação predatória do governo federal em terras indígenas.

No final de março deste ano, a entidade enviou uma carta ao presidente americano Joe Biden alertando para os perigos de um acordo com o governo Bolsonaro, além da divulgação de um vídeo nas redes sociais. Sonia Guajajara participou de atos pela preservação ambiental antes da Cúpula do Clima. As violações de direitos indígenas foram levadas ao Supremo Tribunal Federal pela Apib.

A websérie Maracá, lançada no ano passado, foi a justificativa apresentada pela Funai e pela PF para intimar Guajajara. A websérie registrou violações de direitos cometidas contra os povos indígenas no contexto da pandemia da Covid-19.

A peça audiovisual traz depoimentos de lideranças indígenas de todo o país, Cacique Raoni, Marcos Xukuru, Kretã Kaigang, Shirley Krenak e a própria Sônia Guajajara. “Em 2019, a cada minuto foram derrubadas mais de mil árvores ilegalmente na Amazônia. O estado do Amazonas registrou maior número de queimadas dos últimos 22 anos. O governo Bolsonaro tenta legalizar o crime de garimpo em território indígena. O agronegócio governa o país e amplia as políticas de violências contra a vida dos povos indígenas em todo o país”, afirma o narrador no episódio 8.

O boletim epidemiológico da Apib, desta sexta-feira (30), mostra que 1.059 indígenas já morreram, em decorrência da Covid-19, e já são 53.329 casos confirmados.

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) se manifestou por meio de uma nota para a Coluna de Guilherme Amado, na Época, que revelou a intimação.

“Não irão prender nossos corpos e jamais calarão nossas vozes. Seguiremos lutando pela defesa dos direitos fundamentais dos povos indígenas e pela vida”, afirmou a Apib em comunicado enviado à coluna.

A organização também fez uma série de postagens nas redes sociais criticando a intimação. A Apib denuncia a tática de silenciamento praticada pelo governo por meio do medo.

Com informações de Época e Brasil de Fato