Rio Grande do Norte: legados e desafios

PCdoB, além de guiar-se sob a primazia da defesa da vida, da democracia e do trabalho, atua para derrotar o conservadorismo bolsonarista e fortalecer-se como legenda partidária programática e centenária no Rio Grande do Norte

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra

A dinâmica econômica histórica do Rio Grande do Norte é marcada por ciclos. A maioria deles está condicionada pelos limites típicos da prevalência da atividade primária, seja de subsistência ou exportadora, e de uma baixa incidência da indústria – a têxtil foi desarticulada e, mais recentemente, a petrolífera desmobilizada. Isto gera uma configuração econômica com baixo valor agregado e concentrada nos serviços, principalmente os vinculados à cadeia do turismo, à administração pública e ao comércio.

Essa realidade não é fruto da natureza. É, sim, consequência de escolhas políticas. Raríssimas foram as vezes que, a partir de nossas vocações e riquezas, elaborou-se algum rumo por um projeto articulado pelo desenvolvimento potiguar.

Esses limites estruturais – que perduram até hoje – têm a ver com as concepções, quase em sua totalidade, das forças políticas que dirigiram o Rio Grande do Norte ao longo de nossa história. Foram gestões governamentais marcadas pelo patrimonialismo, menosprezo com a eficiência pública e sem uma orientação desenvolvimentista de longo prazo. Residem aí as principais razões do nosso subdesenvolvimento e os entraves atuais. Um legado pesado a ser superado.

Foi sob essas condicionantes históricas e o legado recente de um estado falido, sob escombros administrativo e fiscal, que o projeto democrático e popular venceu as eleições em 2018.

A Covid-19 no Rio Grande do Norte

Os impactos da crise desencadeada pela pandemia da Covid-19 no estado desnudaram mais ainda a já frágil estrutura. O peso da administração pública, dos serviços e do comércio em nossa economia não consegue produzir um padrão de renda – o salário médio no estado em 2018 era de R$ 1.500 – e nem um capital de giro capaz de conviver com as necessárias medidas científicas de distanciamento social e consequentes restrições de algumas atividades. Soma-se ainda a altíssima informalidade e o índice de desemprego em 16,5%.

Sob tais limitações, é indispensável que o governo central, a exemplo do que ocorre no mundo, injete recursos suficientes para mitigar os efeitos dessas mazelas econômicas e sociais, tão acentuadas em nosso estado. Porém, na contramão, o governo Bolsonaro boicota as ações de enfrentamento à pandemia. Até mesmo o auxílio emergencial foi suspenso por quatro meses – e só agora, sob pressão, foi retomado, com um valor ainda mais pífio que o inicial de R$ 600.

Mesmo neste ambiente de guerra contra o novo coronavírus, os interesses de classe se manifestam, ainda que de forma camuflada. Como no Brasil, uma parte do segmento econômico potiguar atua transferindo responsabilidades e buscando a preservação de seus acúmulos, subestima os riscos contra a vida das pessoas e pressiona pelo relaxamento das medidas sanitárias protetivas.

O PCdoB, orientado pelas produções científicas, apoia os princípios do Pacto pela Vida, liderado pela governadora Fátima Bezerra (PT). Sua maior referência é a preservação da vida e a mediação política como método elaborativo. É um modelo que busca incorporar os executivos municipais e os agentes científicos, econômicos, jurídicos e sociais do estado.

A travessia

Temos um caminho longo e difícil, ampliado agora com os efeitos da pandemia. Para o PCdoB, considerando o contexto histórico, sanitário, econômico e social, o êxito do governo Fátima Bezerra é uma necessidade que se impõe. Seu pertencimento social e propósitos desenvolvimentistas agregam segmentos capazes de liderar a transição à retomada econômica e ao atendimento das demandas sociais de nosso povo.

O PCdoB

À luz de nossa interpretação histórica e atual sobre o Rio Grande do Norte, o PCdoB, além de guiar-se sob a primazia da defesa da vida, da democracia e do trabalho, atua para derrotar o conservadorismo bolsonarista e fortalecer-se como legenda partidária programática e centenária no estado. Nessa direção, agrega continuamente segmentos democráticos e progressistas por meio do Movimento 65 – uma ampla articulação frentista, que busca incorporar em nossa legenda homens e mulheres que desejem exercer sua cidadania e seus protagonismos políticos.

Por fim, reconhecemos o tamanho de nossas dificuldades e o sofrimento vivido por brasileiros e potiguares. Solidarizamo-nos com as vítimas e as famílias enlutadas pelo novo coronavírus. Ao mesmo tempo, temos a convicção de que a ciência e a resiliência de nosso povo vencerão mais uma travessia.

(Texto baseado no informe político apresentado à 8ª Reunião do Comitê Estadual do PCdoB-RN, em 23 de abril)

Autor