Vacina Sputnik V está disponível para 3 bi de pessoas em 65 países

Resistência do governo brasileiro em aprovar doses já compradas da vacina russa confronta-se com resultados de estudos de eficácia e segurança pelo mundo.

As controvérsias políticas em torno da vacina russa Sputnik V

A vacina Sputnik V foi registrada em 61 países em todo o mundo, cobrindo uma população total de mais de 3 bilhões de pessoas. Países vêm divulgando taxas de segurança da vacina russa superiores às demais vacinas utilizadas.

Neste domingo (25), o governo da Hungria, o primeiro país da União Europeia a começar a usar a Sputnik V, que divulgou seus dados mais recentes sobre segurança e eficácia em 5 vacinas. A vacina russa tem a melhor segurança (7-32 vezes menos casos de mortes) e eficácia (2-7 vezes menos infecções por covid) para cada 100.000 vacinados.

Confira a comparação de perfis de segurança de cada vacina aplicada na Hungria.

Ainda nesta segunda (26), o Instituto Tony Blair divulgou resultado do estudo que revela significativamente mais mortes após a vacinação com a Pfizer do que com a vacina AstraZeneca por 100 mil doses administradas, com base em dados oficiais disponíveis publicamente por 13 reguladores internacionais de saúde.

A Pfizer registrou quase três vezes o contágio que a AstraZeneca e mais que o dobro de mortes para cada cem mil doses.

Outro estudo também comparou taxas de mortes em 13 países, que revelam os melhores índices da Sputnik V, e os piores da Pfizer.

Nesta segunda (26), o Fundo Russo de Investimento responsável pela vacina fechou acordo com laboratório turco Viscoran İlaç para fabricação da vacina. Antes disso, o Instituto Gamaleya já vinha fabricando a vacina em farmacêuticas da Ásia, América Latina e Europa.

“O acordo com a Viscoran İlaç prevê o aumento de nossa capacidade de produção e facilita o fornecimento de Sputnik V globalmente. Fizemos acordos com os principais produtores farmacêuticos em vários países da Ásia, América Latina, Europa e CEI (Comunidade dos Estados Independentes) e, graças a essas parcerias, a vacina russa segura e eficaz estará disponível para pessoas em mais de 60 países. ”

Rejeição brasileira

Os cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitaram, por unanimidade, a importação e o uso da vacina russa Sputnik V pelo Brasil, nesta segunda (26). Os técnicos do órgão apontaram a falta de documentação e possíveis riscos à saúde como alguns dos motivos que os levaram a rejeitar a vacina por enquanto.

Os relatórios técnicos servem para embasar a decisão da diretoria colegiada da Anvisa. Cinco diretores vão votar ainda nesta segunda. São eles que dão a palavra final sobre a aprovação ou não da importação do imunizante russo.

O colegiado se reuniu extraordinariamente para cumprir decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski, que concedeu um prazo de 30 dias para que a agência reguladora decidisse sobre o uso do imunizante. A Anvisa chegou a recorrer do prazo, que venceria nesta semana, mas o ministro indeferiu o pedido nesta segunda.

Segundo a própria Anvisa, até o momento, 14 estados e duas prefeituras enviaram “pedidos de importação da vacina Sputnik V” à agência. São eles: Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins, e os municípios de Maricá e Niterói. Se for concedida, a liberação pela Anvisa permitirá que 66 milhões de doses já compradas pelos governos fossem enviadas ao Brasil. Deste total, 37 milhões deveriam ser distribuídos à população do Nordeste.

O Fundo Russo já denunciou em várias entrevistas coletivas uma sabotagem de governos e mídia ocidental à Sputnik V, por motivos políticos. Recentemente, a própria Alemanha, que encomendou 30 milhões de doses, admitiu que preferia alinhar-se com as vacinas ocidentais, devido a problemas diplomáticos relativos à Ucrânia, Síria e o envenenamento do opositor do governo russo, Alexey Navalny.

Donald Trump e Jair Bolsonaro se alinharam para não comprar a vacina, conforme demonstra reportagem da Folha de S. Paulo, o que tem criado dificuldades de suas agências reguladoras em aprová-la. A vacina também é alvo de fake news e até distribuição falsificada apreendida no México.

O ocidente vai cedendo gradualmente aos russos, no entanto, conforme a vacinação permanece lenta e tumultuada.

O que se sabe sobre a Sputnik V

A vacina Sputnik V demonstrou eficácia de 97,6%, com base na análise de dados sobre a taxa de infecção do coronavírus entre aqueles na Rússia vacinados com os dois componentes da vacina de 5 de dezembro de 2020 a 31 de março de 2021.

A vacina é baseada em uma plataforma comprovada e bem estudada de vetores adenovirais humanos, que causam o resfriado comum e existem há milhares de anos. Usa dois vetores diferentes para as duas injeções em um curso de vacinação, proporcionando imunidade com uma duração mais longa do que as vacinas que usam o mesmo mecanismo de entrega para ambas as vacinas.

O Instituto Gamaleya já comparou a similaridade entre a Sputinik V e a Coronavac, ambas feitas com adenovirus humanos. No entanto, a vacina chinesa usa apenas um dos dois adenovirus utilizado pelos russos, o que poderia reduzir sua amplitude no espectro de variantes do vírus.

A segurança, eficácia e ausência de efeitos negativos a longo prazo das vacinas adenovirais foram comprovadas por mais de 250 estudos clínicos ao longo de duas décadas. Não há alergias fortes causadas pela Sputnik V.

A temperatura de armazenamento da Sputnik V é de +2 graus a +8 graus C significa que ele pode ser armazenado em um refrigerador convencional sem a necessidade de investir em infraestrutura adicional de cadeia de frio.

O preço da dose é inferior a US$ 10, o que a torna acessível em todo o mundo.

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