Governo sabia de cortes para acomodar acordos políticos, afirma Bittar

Segundo senador que relatou o Orçamento de 2021, membros da equipe de Paulo Guedes e o general Ramos estavam em reunião na qual a decisão foi tomada

Foto: Alan Santos/PR

O relator do Orçamento de 2021, senador Marcio Bittar (MDB-AC) disse ao jornal Estado de S.Paulo na sexta-feira (9) que não estava presente à reunião em que se decidiu cortar recursos da Previdência para acomodar emendas e acordos, mas que participaram membros da equipe Paulo Guedes; o próprio ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, representando Jair Bolsonaro; e, ainda, os presidentes da Câmara e Senado, Arthur Lira (Progressistas-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG)

A razão para o corte foi abrir espaço para destinar R$ 29 bilhões a acordos políticos. O trato, confirmado por Bittar, eram R$ 16,5 bilhões para emendas parlamentares e R$ 12 bilhões para os ministérios. Agora que o Orçamento está sendo questionado, o senador propôs “devolver” R$ 10 bilhões para cobrir os desfalques nas despesas obrigatórias. Jair Bolsonaro também deve vetar parcialmente a proposta, embora Paulo Guedes já tenha feito defesa pública de um veto integral.

Membros da equipe econômica avaliam que Jair Bolsonaro só estará totalmente blindado contra impeachment se assim fizer, uma vez que, da forma como está, o Orçamento é uma peça de ficção. Provocado por parlamentares, o Tribunal de Contas da União deve emitir um parecer técnico sobre o tema. Recentemente, o órgão de controle pediu mais informações ao Ministério da Economia.

Em meio a toda essa confusão, Bittar, que é próximo de Jair Bolsonaro e diz defender a agenda de Guedes, tem demonstrado mágoa do ministro. Ele já havia dito, em entrevista ao site Congresso em Foco, que o governo estava ciente dos cortes em áreas como Previdência e Educação para alocar recursos para as emendas e classificou de deslealdade a conduta de Paulo Guedes. Ao Estadão, ele não quis repetir o termo, mas afirmou que Guedes “não poderia ter feito o que fez”. Jair Bolsonaro tem até 22 de abril para sancionar ou vetar a Lei Orçamentária.

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