Pesquisa aponta 55% de rejeição ao trabalho de Bolsonaro na pandemia

Apenas 23% julgam a atuação bolsonarista na pandemia como boa ou ótima

(Foto: Reprovação)

É cada vez maior o número de brasileiros que desaprovam a forma como o presidente Jair Bolsonaro enfrenta a pandemia do novo coronavírus. De acordo com a nova rodada da pesquisa Exame/Ideia, divulgada nesta sexta-feira (9), 55% avaliam como ruim ou péssimo o trabalho do governo federal no combate à Covid-19. Apenas 23% julgam a atuação bolsonarista como boa ou ótima.

A relação entre Bolsonaro e pandemia contaminou a imagem geral do governo: 51% dos brasileiros desaprovam a gestão, ante 26% que a aprovam. Para 22%, o governo federal é regular. “A avaliação presidencial segue em viés de baixa em comparação ao levantamento anterior. A porcentagem de brasileiros que avaliam o governo como ruim ou péssimo ultrapassou a barreira de 50%”, detalha Maurício Moura, fundador do instituto Ideia. “O aumento do número de mortes pela pandemia, o ritmo de vacinação e o efeito ainda limitado do novo auxílio contribuem para esse viés negativo.”

Já a aprovação aos governadores no combate à pandemia é de 29%, e a rejeição, de 38%. O índice maior de desaprovação sugere que os sucessivos recordes de casos, internações e morte por Covid-19 tenham desgastado a imagem dos governantes estaduais, ainda que a maioria conteste abertamente a política genocida de Bolsonaro.

As avaliações positivas aos governadores são maiores no Norte do País, com 40% de ótimo e bom. A região foi uma das mais castigadas na segunda onda da pandemia, no começo de 2021, com a descoberta de uma variante do vírus e a crise da falta de oxigênio hospitalar. Depois do Norte, os governadores com mais aprovação são os do Centro-Oeste (34%) e os do Nordeste (32%). A maior taxa de rejeição está no Sudeste, onde 42% consideram o trabalho dos governadores ruim ou péssima.

Com relação aos prefeitos, há um equilíbrio na percepção dos brasileiros sobre seus desempenhos frente à crise sanitária. Conforme a pesquisa, 33% consideram o trabalho dos gestores municipais na pandemia como ótima ou boa, enquanto outros 33% veem esse esforço como ruim ou péssimo. As regiões em que os moradores mais aprovam a atuação do governo municipal na pandemia são o Norte (42% de ótimo ou bom) e o Nordeste (36%).

Quando questionados sobre suas expectativas sobre a pandemia para o mês de abril, 41% dizem que a crise não será “nem melhor, nem pior”; 32% acreditam que a situação vai piorar; e 27% creem em melhorias. Mais uma vez, a região Norte destoa da média, com 46% da população apostando que pandemia vai retroceder neste mês.

Na visão de Maurício Moura, há uma correlação entre as perspectivas dos brasileiros e sua adesão– ou não – ao governo. “Quanto maior o apoio ao presidente Jair Bolsonaro, maior o otimismo”, resume Moura. Segundo ele, “50% dos que aprovam o presidente acham que em abril a pandemia vai melhorar. Do outro lado, são 46% dos que desaprovam a presidência que acreditam na piora. O viés de avaliação é muito evidente nessa resposta”.

Ainda assim, há mais brasileiros críticos à política federal de enfrentamento à crise do que ao próprio governo. “Aproximadamente, de cada dez que aprovam o trabalho geral do presidente Jair Bolsonaro, oito avaliam positivamente a gestão da pandemia pela presidência”, afirma Maurício Moura, que arrisca um diagnóstico: “Essa aproximação da avaliação (pandemia/geral) nos aponta que o piso de avaliação presidencial está próximo. Em um cenário muito ruim, o presidente terá aproximadamente 20 pontos percentuais sólidos de aprovação”.

Um dado interessante da pesquisa mostra a mudança na confiança dos brasileiros em instituições nacionais. Diante da pergunta “em qual dessas instituições sua confiança aumentou durante a pandemia?”, 35% indicaram o Sistema Único de Saúde (SUS), 24% apontaram “Prefeitura da minha cidade” e 23% citaram “Governo do meu estado”. Quando a pergunta é inversa – “em qual dessas instituições sua confiança diminuiu durante a pandemia?” –, 36% falam do governo federal, 27% mencionam o STF (Supremo Tribunal Federal) e 18% nomeiam as Forças Armadas.

A pesquisa Exame/Ideia entrevistou 1.259 pessoas, de 5 a 7 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

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