Cidade com vacinação massiva em SP tem 7 vezes menos internações

Com vacinação completada em 66% da população, Serrana vê sinais de queda em casos graves da covid-19 e na busca por atendimentos

Serrana, SP, na região de Ribeirão Preto, participa de estudo do Instituto Butantan sobre a CoronaVac — Foto: Reprodução/EPTV

A pequena Serrana, com 40 mil habitantes, próxima à Ribeirão Preto (SP), começa a apresentar resultados preliminares de um estudo sobre a vacinação contra a covid-19. Escolhida pelo Instituto Butantan para uma vacinação em massa, a cidade já alcançou 66% de imunização de sua população com resultados animadores.

Autoridades e especialistas em saúde da cidade relatam os primeiros sinais de queda na demanda por atendimentos e na incidência de casos graves entre moradores que contraíram o coronavírus.

A Vigilância Epidemiológica do município informa que esse contexto de mudança, embora ainda não possa ser diretamente associado à imunização, é reforçado pela ausência de pacientes intubados na unidade de Pronto Atendimento (UPA), desde o fim de semana. Observa-se que, mesmo com a vacinação, alguns pacientes apresentam sintomas, mas conseguem se estabilizar com medicamentos, sem necessidade de internação ou intubação.

Iniciada em 17 de fevereiro, a vacinação em massa em Serrana, que visa avaliar a eficácia da CoronaVac contra a queda na transmissão e na taxa de mortalidade da Covid-19, já atingiu 66% dos voluntários do estudo com as duas doses do imunizante, o que representa um total de 18,5 mil pessoas.

O público-alvo remanescente receberá o reforço da aplicação até domingo (11), e os resultados da pesquisa devem ser divulgados em maio.

Diante das primeiras projeções de queda, o Butantan reforça que ainda é cedo para tirar conclusões. Isso porque, segundo o instituto, a resposta imunológica é esperada somente duas semanas após a aplicação da segunda dose da vacina. Neste momento, é como se o vírus estivesse atacando o organismo pela segunda vez, gerando ainda mais proteção.

O estudo em Serrana é muito importante, pois os pesquisadores vão avaliar variáveis epidemiológicas que podem contribuir para a compreensão da pandemia em todo o país. São varíaveis como redução de casos e controle epidêmico, queda na transmissão do vírus, ocupação de leitos hospitalares, adesão da população à campanha, reações adversas, efeitos na economia e testagem de ferramentas de combate epidêmico, como aplicativos de internet. Além da entrada da variante P.1 do vírus nos estudos, cujos resultados terão impacto internacional.

Como as autoridades de saúde estabelecem um período de duas semanas após a segunda aplicação para a eficácia da CoronaVac, isso significa que quem foi vacinado vai apresentar a resposta imunológica ideal entre o início – para o primeiro grupo vacinado – e o fim de abril – para os moradores da quarta e última etapa, que termina no próximo domingo (11).

Números positivos

Menos da metade de casos suspeitos. A Vigilância Epidemiológica de Serrana estima que a média diária de pessoas atendidas na UPA, local de triagem e regulação dos moradores do município, caiu 55% em dez dias: de 90 foi para cerca de 40 a média de pacientes com suspeita ou diagnosticados com alguma necessidade médico-hospitalar.

A rotina nos atendimentos mudou na Santa Casa, onde a média de hospitalizados nos leitos clínicos caiu praticamente pela metade, de 15 para 7, em duas semanas. Uma queda também nos casos moderados.

Caíram os casos graves e aumentaram os casos moderados. Sem associar aos efeitos da imunização, o órgão também apontou que a proporção de casos graves foi sete vezes menor: antes chegavam a 70%, e hoje representam 10%. Já os casos leves e moderados, que eram 30%, passaram a responder por 90%, segundo Glenda Renata de Moraes, chefe da divisão.

Nenhuma intubação. Além disso, desde o último fim de semana, nenhum paciente precisou de intubação na UPA. Há dez dias, até cinco precisavam ser submetidos por dia a esse procedimento. Para quem trabalha na saúde, a rotina ainda é intensa, mas focada mais em registros e testes.

A luta continua

Apesar dessas boas notícias, o total de diagnósticos positivos entre os testes realizados diariamente ainda segue na faixa dos 30%. O Hospital Estadual de Serrana, que atende 25 cidades além de Serrana, segue com UTIs lotadas recebendo os pacientes de cidades com baixa vacinação. Tanto a Santa Casa, quanto o Hospital Estadual são pequenos e contam com poucos leitos especializados.

Além disso, em Serrana os casos positivos da Covid-19 subiram 35% entre fevereiro e março, afinal a vacinação exige período prolongado para apresentar efeitos e o cenário inclui a circulação da variante P.1. As mortes por Covid-19 saltaram de 2 para 20 entre fevereiro e março e o contágio atinge mais jovens do que antes.

De acordo com dados da Prefeitura, a cidade teve em março 663 casos da doença, 35% a mais em relação a fevereiro, com 490. Na comparação com localidades do mesmo porte, o número só não supera Pontal, mas segue maior do que Orlândia e Jardinópolis.

Entre fevereiro e março, Serrana também registrou um número de mortes dez vezes maior, saltando de dois para 20, mas mantém um patamar abaixo de Orlândia e Pontal.

Com informações do G1

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