Livro histórico revela crimes da ditadura militar no Brasil

Em 1972, a ditadura iniciada em 1964 chegava ao paroxismo. Nunca se torturou, assassinou e censurou tanto como naqueles dias sob o tacão do general Garrastazu Médici. Data daquele ano o conhecido “Livro Negro da Ditadura Militar”. Iniciativa da AP (Ação Popular), ele é um caso único na saga da resistência antiditatorial: um livro-denúncia inteiramente pesquisado, escrito, impresso e distribuído na mais total clandestinidade.

Foi uma pequena grande proeza, entre tantas que a resistência produziu. Com sua capa eloquente, obra de Elifas Andreato, e suas 200 páginas de denúncia viva, ele captura em flagrante delito as atrocidades que a ditadura cometia.

Em 2014, quando a ditadura militar completou 50 anos, a editora Anita Garibaldi produziu uma reedição do livro que reproduz fotograficamente o Livro Negro, tal e qual ele circulou em sua época. Um livrete acompanha a edição fac-símile com depoimentos daqueles que foram responsáveis pela publicação: Bernardo Joffily, Carlos Azevedo, Divo e Raquel Guisoni, Duarte Pereira, Elifas Andreato, Jô Moraes e Márcio Bueno Ferreira. O título “Livro Negro”, inapropriado para os dias atuais por trazer uma expressão que liga a palavra “negro” a algo negativo, foi mantido por uma questão de fidelidade ao documento histórico, mas a ressalva sobre a questão está registrada no livreto que acompanha a edição.

Nestes tempos atuais de ameaças de volta do autoritarismo, é oportuno que as novas gerações o conheçam em primeira mão.A releitura do Livro Negro da Ditadura Militar ajuda a esconjurar para sempre aquele passado sombrio, e cimentar a convicção democrática do povo brasileiro: golpe, ditadura, nunca mais!

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