Após lockdown, Araraquara prova redução de mortes por covid

Após 44 dias, Araraquara não tem morte por Covid em 24h; cidade teve confinamento de 10 dias. Município teve mais 43 casos da doença e soma 16.957 nesta sexta (26). Prefeitura registra queda de casos e mortes após as medidas que restringiram a circulação em fevereiro.

Lockdown no centro comercial de Araraquara

Araraquara (SP) chamou a atenção do país ao se tornar a primeira cidade a enfrentar um confinamento rigoroso, em 2021, quando prefeitos do país inteiro resistiam, mesmo com a crescente de contágios, internações e mortes por covid-19. O prefeito Edinho Silva (PT) sofreu ataques dentro e fora da cidade, preferindo evitar o colapso do sistema hospitalar, enquanto as cidades que não adotaram medidas mais rigorosas de distanciamento veem os doentes morrendo antes de conseguir um leito hospitalar.

A cidade foi a primeira cidade do estado de São Paulo a restringir a circulação de pessoas – a não ser para ir trabalhar ou buscar atendimento médico. Em 21 de fevereiro foram fechados até serviços essenciais, como supermercados e postos de gasolina, e houve a suspensão do transporte público.

Pela primeira vez após 44 dias, a cidade de 240 mil habitantes não registrou óbitos por covid-19 em 24 horas, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado nesta sexta-feira (26). A cidade do interior teve 10 dias de lockdown em fevereiro e registrou queda de casos e mortes pela doença.

“Isso mostra que o lockdown em Araraquara deu resultado. A redução nas internações de pacientes de Araraquara é proporcional ao número de novos casos, já que 20% dos infectados, em média, precisam de leito de internação”, explica a secretária municipal de Saúde, Eliana Honain.

São 318 óbitos causadas pela doença desde o início da pandemia, sendo que 113 (35,5% do total) ocorreram apenas em março.

A ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva caiu para 91% (1 ponto percentual a menos que quinta). Já os leitos de enfermaria estão com 81% de ocupação (5 pontos percentuais a mais que quinta). Com queda na taxa de ocupação de leitos, Araraquara recebe pacientes de outras cidades.

Após um mês de ter decretado confinamento, a cidade teve redução de 39% no número de mortes e de 57,5% de contágios.

O município também registrou nesta sexta mais 43 casos da doença e chegou a 16.957. Um dia antes do confinamento, a cidade havia batido o recorde diários de 248 contágios confirmados.

Para a Prefeitura, a explosão de contágios, que havia sido controlada no ano anterior, é atribuída à chegada da variante P.1 do novo coronavírus, encontrada pela primeira vez em Manaus (AM). A variante foi encontrada em 93% dos casos.

Evolução dos dados

Do último sábado (20) até esta sexta-feira (26) foram registrados 14 óbitos, o que é correspondente a metade do que foi confirmado nos sete dias anteriores (13 a 20/3), que teve 28, e a um terço do registrado 15 dias antes (6 a 12/3), quando houve 42 óbitos. Já é a terceira semana de queda.

Araraquara registrou mais 43 casos, dos quais, 31 positivos são o equivalente a 7% de 446 amostras analisadas nos serviços públicos de saúde, e 12 foram positivados em laboratórios particulares.

Do total de confirmados, 316 permanecem em quarentena e 16.323 já saíram. Aguardam resultado de exames 444 amostras.

Hoje, 205 pacientes estão internados, 9 a mais que quinta. Destes, 117 estão em enfermaria – 7 suspeitos e 110 confirmados – e 88 estão na UTI – 2 suspeitos e 86 confirmados. Metade dos internados são de outros municípios vizinhos. Há ainda pacientes de outros estados: sendo um de Palmas (TO), um de Quirinópolis (GO) e um de São Gabriel do Oeste (MS).

“Araraquara, sozinha, não sairá da fase vermelha do Plano São Paulo se a região também não sair, por mais que nosso isolamento social tenha dado resultados e salvado vidas. É necessária uma união regional para abaixarmos a curva de contaminação, internações e óbitos em todos os municípios do nosso DRS, o que irá possibilitar o retorno gradual e seguro das atividades econômicas”, afirmou o prefeito Edinho.