A Unegro se renova com sua terceira geração de jovens lideranças

No ano em que completa 33 anos, a União de Negros pela Igualdade (Unegro) consolida uma nova geração de lideranças da entidade ocupando posições na direção nacional e nos estados

Mosaico Nova Geração Unegro Montagem: Railídia Carvalho

Marina Duarte é vice-presidenta da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro)) na Bahia. Tem 30 anos de idade enquanto a Unegro chega em 2021 aos 33 anos de fundação. Segundo a presidenta da entidade, Ângela Guimarães, que desde 2016 lidera a renovação geracional, a Unegro chega a terceira geração de militantes da entidade com quadros jovens na direção nacional e a frente da entidade nos estados.

Para Ângela, a Unegro demonstrou de forma revolucionária capacidade para renovar os quadros militantes e trazer para a luta antirracista uma diversidade de lideranças egressas de vários segmentos. “A luta da Unegro é a denúncia do racismo como se expressa no cotidiano da população negra brasileira bem como a luta pela superação do sistema político e econômico que estrutura e atualiza essas contradições de gênero, raça e classe”, afirmou.

Marina é um exemplo de como a Unegro ampliou o protagonismo feminino nas direções da entidade. “Sou geógrafa, mãe, mulher negra feminista, forjada na luta antirracista”, define-se Marina. “Fazer parte da direção da Unegro é saber que sucumbir nunca foi e nunca será uma escolha, lutar e ter estratégias de luta sempre será a melhor decisão e o caminho mais glorioso”, completou.

A militância política de Eldon Naves, presidente da Unegro da Bahia e colega de Marina na direção da entidade no estado, tem origem no movimento estudantil quando, desde os 15 anos, ele vem “tentando diminuir as desigualdades ao redor”. Eldon ingressou como cotista na Universidade Federal da Bahia onde se formou em Museologia e atualmente faz MBA em gestão e políticas públicas municipais. Tem assento como conselheiro no Conselho Estadual de Juventude da Bahia e no Conselho de Juventude do Olodum.

5o Congresso da Unegro Foto: Carlos Scaldaferri

A trajetória das jovens lideranças unegrinas é recheada de experiência na militância no movimento estudantil secundarista, na universidade e também na luta LGBT. É o caso de Ruan Wendell, 26 anos, presidente da Unegro Amazonas onde a luta antirracista e a luta LGBT estão interligadas. Além da atuação no movimento secundarista, Ruan coordenou o coletivo LGBTQI na União da Juventude Socialista (UJS) e foi fundador e presidente da União Nacional LGBT (UNALGBT) no Amazonas.

“Presidir a Unegro Amazonas, não está sendo uma tarefa fácil, pois nosso Estado tem uma logística muito difícil. As estradas são os rios, mas mesmo assim fazemos o esforço de levar o debate da negritude para cada interior do Amazonas”, explicou Ruan. Em março o debate foi sobre feminismo popular. “É preciso que mais mulheres consigam se emancipar para que mulheres quilombolas, ribeirinhas, indígenas e periféricas sejam libertas de todos os preconceitos e estigmas com que a sociedade as rotulou”.

Clauderson Black, secretário nacional de juventude da Unegro, também acumula vivências no movimento de juventude e na luta antirracista. Ele é natural do Acre onde foi um dos fundadores da União dos Estudantes Secundaristas daquele estado. Atualmente, Black reside em Belo Horizonte onde também acumula o cargo de secretário de combate ao racismo do PCdoB na cidade e de secretário de Organização da UJS Minas Gerais.

Em Pernambuco a Unegro é presidida pelo professor e historiador Wellington Lima de 35 anos. “Aqui em Pernambuco, a juventude teme a violência policial, a falta de emprego e renda, a escassez de políticas públicas direcionada aos jovens e o aumento da pobreza”. Segundo ele, esse quadro se agravou na pandemia, “que destrói vidas e parece ser parte do programa genocida do governo federal”. Na opinião de Wellington, lutar não é uma opção e sim uma necessidade fundamental dos tempos atuais. “Para criarmos saídas para a crise e darmos um caminho para o futuro da nossa juventude”.

5o Congresso Unegro: Encontro de gerações Foto: Carlos Scaldaferri
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