Escalada agressiva dos EUA contra a Síria

Em ação inédita, os Estados Unidos lançaram nas últimas horas ataques seletivos contra os grupos iraquianos Kataeb Hezbollah e Kataib Sayid al Shuhada, na fronteira entre a Síria e o Iraque. Por Pedro Garcia Hernandez, de Damasco.

As referidas organizações, com base em acordos legalmente celebrados, cooperam com as forças armadas sírias na luta contra as tropas dispersas do grupo terrorista Estado Islâmico, Daesh, que operam no vasto deserto de Al Badiya, numa extensa área contígua ao norte com o Iraque.

Neste contexto, o Primeiro Vice-Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Conselho da Federação Russa, Vladimir Jabarov, condenou nesta sexta-feira (26) esta ação norte-americana e sublinhou que “é ilegal e constitui um bombardeio do território de um Estado soberano”.

Este ato “é sério e pode levar a uma escalada da situação em toda a região”, alertando que tais ações podem levar a “um grande conflito”, declarou.

As repercussões, mesmo sem o detalhamento do ocorrido no terreno e nos diversos meios de comunicação, indicam, por outro lado, que as declarações de Lloyd Austin, secretário de Defesa do governo Joe Biden, são confusas porque apontam de forma pouco clara que “permitem e encorajam os iraquianos a pesquisar e desenvolver inteligência para nós”.

Para os analistas da situação, não é por acaso que esses ataques não são dirigidos contra o Daesh, mas sim contra o Kataib Hezbollah, cujo principal líder, Abu Mahdi al Muhandis, foi assassinado em janeiro de 2020 junto com o chefe das forças iranianas, Qasem Soleimani.

Segundo a informação divulgada, trata-se de evitar que a Síria receba apoio na luta contra o terrorismo, em particular quando os extremistas do Daesh aumentam as operações com apoio comprovado da base ilegal americana de Al Tanef, no triângulo fronteiriço nordeste da Síria, Jordânia e Iraque.

Por outro lado, em fontes oficiais sírias e do movimento libanês Hezbollah, as ações dos Estados Unidos, na prática aliadas a Israel e seus contínuos bombardeios com mísseis contra o território sírio, buscam desmantelar o eixo de resistência que também é composto por Síria e Irã, em defesa da soberania e independência.

Ao cerco contínuo contra esta nação do Levante, incluindo um intenso bloqueio econômico, comercial e financeiro, essas ações são agora adicionadas em violação aberta do direito internacional, também representado por nada menos que 13 bases militares ilegais de Washington nas províncias do norte de Hasaka, Deir Ezzor e Raqqa.

Dessas áreas, são saqueados os recursos naturais do país e feita transferência sistemática de caravanas com armas e materiais logísticos para apoiar as chamadas Forças Democráticas da Síria, de maioria curda.

O objetivo, denunciam as autoridades, é dividir a Síria e obstruir quaisquer negociações sensatas que busquem encerrar uma guerra imposta que dura quase 10 anos.

Fonte: Prensa Latina