Conselho Eleitoral confirma 2º turno no Equador entre Arauz e Lasso

Após a divulgação dos resultados, o órgão espera possíveis apresentações de recursos dos candidatos e partidos políticos

(Foto: Radio LaCalle)

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador confirmou oficialmente na madrugada deste domingo (21) os candidatos Andrés Arauz, da coalizão progressista União Pela Esperança (Unes), e Guillermo Lasso, do partido de direita Movimento CREO, no segundo turno das eleições presidenciais do país, que será realizado no dia 11 de abril.

Com todas as urnas apuradas, Arauz obteve 3.033.753 votos, 32,72%, se confirmando como vencedor do primeiro turno. Lasso, por sua vez, teve 1.830.045, 19,74%, enquanto Yaku Pérez, do partido indígena Pachakutik, recebeu 1.797.445 votos, 19,38%, permanecendo em terceiro lugar.

Pelo calendário eleitoral, a campanha para o segundo turno está programada para começar em 16 de março. Após a divulgação dos resultados, o órgão eleitoral notificará as organizações políticas e estará aberto o período para a apresentações de recursos, como impugnações ou apelações.

As ações podem ser apresentadas ao CNE ou ao Tribunal Contencioso Eleitoral, órgão encarregado de conferir a certificação final dos resultados eleitorais.

Em nota, o conselho ratificou, mais uma vez, a transparência do processo eleitoral e fez um reconhecimento público aos “cidadãos pela sua participação ativa no dia da votação”. 

A sessão que divulgaria os resultados foi suspensa por reivindicações de candidatos e partidos e precisou retornar horas depois. O CNE rejeitou formalmente o pedido de recontagem feito por Pérez, que previa uma nova leitura de 50% dos votos em 16 de 24 províncias e de 100% dos sufrágios na província de Guayas, aceitando apenas um pedido de revisão de 26 atas em Guayas e Los Rios. 

O conselho também negou o pedido de Lasso para uma apuração em 100% das atas em Guayas e 50% em outras seis províncias. Tampouco acatou o pedido de recontagem proposto pelo candidato Pedro Freile, da Esquerda Democrática.

Candidato pelo partido indígena Pachakutik, Pérez chegou a liderar a disputa pela segunda vaga em momentos da apuração, mas perdeu a vantagem para Lasso na última semana. 

Mesmo sem apresentar provas, Pérez segue dizendo que houve fraude nas eleições e pede recontagem. Arauz, candidato de esquerda apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, foi o único que esteve confirmado no segundo turno desde que a apuração iniciou.

Auditoria

Mesmo com a divulgação dos resultados oficiais, após 14 dias do pleito, a Procuradoria-Geral do Equador entrou com um pedido judicial para realizar uma coleta nos dados do sistema de informática eleitoral do Conselho Nacional. 

A Procuradoria indicou ao CNE a vontade de auditar o sistema informatizado para garantir “transparência” ao processo eleitoral, com a intenção de acompanhar as recomendações feitas em revisões anteriores. 

Segundo o jornal Primicias, para que seja realizada a coleta, o CNE deve autorizar a permissão para que ocorra a auditoria, que está programada para acontecer antes do segundo turno.

A solicitação gerou críticas à Procuradoria-Geral. Arauz, que venceu as eleições de 7 de fevereiro, afirmou que a auditoria é um movimento para “impedir” a realização do segundo turno. 

Enviamos um alerta ao mundo. Procuram retirar o equipamento informático para impedir a realização do segundo turno. O povo equatoriano não permitirá este ataque à sua democracia. Por que retiraram a custódia policial da CNE?, disse. 

O partido Unes, do candidato correísta, anunciou que, diante da “tentativa” da Procuradoria de “dificultar o processo eleitoral no dia 11 de abril”, nas próximas horas, entrará com uma ação no Tribunal Constitucional para conter “esse abuso”.

O direitista Lasso também considerou o pedido como “fatos que deveriam alarmar todos os que defendem a democracia no Equador” e advertiu: “este não é um momento de medo para defender indivíduos ou interesses privados”.

O economista e o empresário

Apesar de muito jovem, Andrés Arauz tem uma vasta formação acadêmica e já ocupou diversos cargos no governo de Correa. Formado em economia pela Universidade de Michigan, tem mestrado em economia do desenvolvimento pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO-Equador), e também é PhD em Economia Financeira pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam).

Arauz foi diretor do Banco Central do Equador em 2009, quando tinha 26 anos de idade. Também serviu como ministro do Conhecimento e Talento Humano e ministro da Cultura durante o governo de Correa.

Durante a campanha, o candidato da Unes prometeu reverter as políticas neoliberais de Moreno, criar bônus para trabalhadores afetados durante a pandemia, apostar na industrialização e, no âmbito internacional, resgatar organismos como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), progressivamente abandonadas pelos governos de direita da região.

O segundo colocado é Guillermo Lasso, um empresário de 65 anos que é acionista do Banco Guayaquil e concorre à Presidência pela coalizão de direita chamada Movimiento Creando Oportunidades, ou Movimento CREO. 

Disputando pela terceira vez a presidência do país, Lasso foi derrotado pelo atual presidente Lenín Moreno no pleito de 2017, mas se aproximou do governo após a guinada neoliberal do mandatário.

Lasso chegou a ser ministro da Economia do país em 1999, quando ocupou o cargo por um mês durante o episódio conhecido como Feriado Bancário, que congelou as contas de milhões de equatorianos, desvalorizou a então moeda nacional e provocou a dolarização da economia. O período foi reconhecido como uma das piores crises financeiras do país.

O candidato da direita é acusado de ter aumentado seu patrimônio em milhões de dólares por especulações financeiras durante o período. Além disso, Lasso aparece no vazamento dos Panama Papers como dono de 49 empresas offshores.

Fonte: Opera Mundi com informações da Telesur e Télam.