Uruguai continua sem perspectivas para vacinação

Todos os países do continente já receberam vacinas. Baixo contágio e óbitos até novembro de 2020 deve explicar desleixo do governo Lacalle Pou

Uruguai só foi atingido com força pela pandemia, a partir de dezembro de 2020.

De acordo com o site “OurWorldInData”, a Argentina já vacinou mais de 600 mil pessoas; o Brasil, quase 6 milhões; o Equador, mais de 8 mil; o Chile, mais de 2,3 milhões; a Bolívia, mais de 10 mil, e o Peru, cerca de 118 mil. Enquanto isso, o Uruguai sequer adquiriu vacinas e continua sem perspectiva.

Embora o primeiro presidente direitista do país em muitos anos, Luis Lacalle Pou (Partido Nacional, de centro, centro-direita e direita), tenha anunciado em 23 de janeiro a aquisição de quase 3,8 milhões de doses da CoronaVac e da vacina da Pfizer, além das 1,5 milhões de doses já asseguradas do mecanismo Covax, da Organização Mundial da Saúde (OMS), a verdade é que os laboratórios negam os acordos.

Desde que a emergência sanitária foi declarada devido à chegada do coronavírus em território uruguaio, em 13 de março de 2020, o país acumulou 50.752 casos de infecção, dos quais 5.218 estão ativos. Há 71 pacientes em unidades de terapia intensiva, e 558 morreram.

O Uruguai é o 97o. país (de 221) mais impactado pelas mortes, depois de Peru, Brasil, Colombia, Argentina, Chile, Bolívia, Equador, Paraguai, Suriname e Guiana Francesa. Somente Venezuela e Ilhas Falklands tiveram menos mortes. Por outro lado, o país foi até o final de novembro com um número muito baixo de mortes (veja gráfico abaixo), com sua explosão de óbitos ocorrendo no final de janeiro. A média de casos foi de mil registros no ápice da pandemia, com menos de dez mortes nesse período. Este resultado pode explicar o relaxamento do governo em relação à vacina.

Curva da pandemia no Uruguai mostra quase todo o ano de 2020 com número irrelevante de óbitos, comparado a outros países do continente.

O governo apareceu várias vezes, em momentos diferentes, anunciando a chegada da vacina com prazos que não se cumpriram. Lacalle Pou chegou a comentar, em agosto de 2020, que tentaria fazer de seu país o primeiro da fila para a aquisição de vacinas. Todos os outros países já adquiriram vacinas.

“Em teoria, deveríamos receber em março doses equivalentes a 3% da população”, afirmou o chefe de governo uruguaio no último dia 23.

O pior foram as controvérsias do governo com os laboratórios. Lacalleu Pou insiste em dizer de seus acordos sobre a Coronav, mesmo com o diretor do Instituto Butantan, responsável pela fabricação da CoronaVac na América do Sul, Dimas Covas, declarou que o Uruguai ainda não tinha qualquer acordo.

Por enquanto, Lacalle Pou evita a referência a datas específicas, e as autoridades falam de um processo bem-sucedido de “pré-vacinação” para preparar a logística necessária para a campanha de imunização, além de planejar o que fazer com os frascos excedentes.

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