Artur Lira diz a Bolsonaro que Câmara deve confirmar prisão de Daniel Silveira

O deputado bolsonarista foi preso em “flagrante delito” por determinação do ministro Alexandre de Moraes após ameaçar ministros da Corte e defender o AI-5 (Ato Institucional) instituído durante a ditadura militar

Plenário da Câmara dos Deputados - Foto: Najara Araújo

Um grupo grande de parlamentares na Câmara dos Deputados já tem convicção que não vale a pena confrontar uma decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF) que referendou a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) pelos seus ataques à Corte e ao Estado Democrático de Direito. Portanto, o clima na Casa nesta quinta-feira (18) é que o plenário manterá a prisão.

Na noite de terça-feira (16), Silveira foi preso em “flagrante delito” por determinação do ministro Alexandre de Moraes após ameaçar ministros da Corte e defender o AI-5 (Ato Institucional) instituído durante a ditadura militar.  

Esse quadro político foi repassado a Bolsonaro pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), durante encontro nesta quinta-feira pela manhã, conforme revelou a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

No Twitter, Arthur Lira já acenava com essa possibilidade: “Todos, na vida pública, somos transitórios. E nosso maior dever, nossa maior missão, é ter a consciência de que nós não somos as instituições”.

Segundo ele, as instituições são permanentes. “As instituições ficarão. Nesse sentido, não haverá nunca crise entre as instituições, sobretudo quando há a exata compreensão de que elas são maiores do que qualquer indivíduo”, escreveu.

Na sequência, ele completou: “Como na frase célebre de Churchill, a democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais”.

Segundo a colunista, Lira disse a Bolsonaro que logo após a decisão de Alexandre de Moraes, o sentimento era outro. “Parlamentares se mostravam inconformados com a prisão do colega e se mostravam dispostos a derrubá-la”.

“Lira conversou naquele momento com ministros da Corte. Disse que não queria gerar uma crise entre Poderes, mas que, naquele momento, seus aliados temiam, caso validassem a prisão, criar um precedente que pode se voltar contra qualquer um deles no futuro. Integrantes do tribunal, por sua vez, indicaram que veriam como afronta do Parlamento uma atitude que livrasse Daniel Silveira sem nenhuma contrapartida”, diz a colunista.

Mas o clima mudou. Além da decisão unânime do STF pela manutenção da prisão, outra análise considera que pesou na mudança de opinião na Casa o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para processar o deputado bolsonarista.

Autor