Bela Gil defende reforma agrária “para democratizar acesso à comida”

Segundo a apresentadora, falta de opção para a maioria das pessoas está diretamente relacionada à concentração de terras

A apresentadora do programa Bela Cozinha, do GNT, e mestra em ciências gastronômicas, Bela Gil, afirmou lutar para que “todo o mundo possa comer como eu como”. Segundo a apresentadora, a falta de opção para a maioria das pessoas está diretamente relacionada à concentração de terras.

“Muitas vezes, a gente esquece de onde vem a nossa comida e que vem da terra”, afirma Bela, em entrevista ao programa Sub40. “Nesse sentido, a reforma agrária é fundamental para que a gente consiga democratizar a produção e o acesso ao alimento. É uma conexão direta.”

Bela lembra que, apesar de a produção mundial de alimentos ser o suficiente para alimentar todas as pessoas do mundo, ainda existem muitas em situação de insegurança. No Brasil, são cerca de 10,3 milhões de pessoas atingidas, segundo dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mas, a seu ver, a concentração de terras e a liberação exacerbada de agrotóxicos no Brasil fazem com que os alimentos orgânicos, provenientes da agricultura familiar, se tornem inacessíveis para muitos brasileiros. “Há menos impostos para agrotóxicos. Sai mais barato produzir grandes monoculturas com veneno do que ter um lote de tamanho médio, produzindo de maneira diversificada, sem veneno”, diz. “Precisa de mais mão de obra, dá mais trabalho. Não é mecanizado, nem barato, porque não tem incentivo fiscal do governo”.

É por isso que, segundo ela, a reforma agrária é importante: “O MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, por exemplo”. Para isso, contudo, é preciso não apenas mudar as lideranças políticas e o governo, mas, também, a mentalidade do consumidor: “Por que quem tem direito não opta pelo orgânico? Por que essas pessoas não dão valor ao pequeno produtor?”, questiona.

“Para muita gente, comer é só uma necessidade, é ‘encher a barriga’, mas meu objetivo de vida é tornar essa necessidade e prazer sensorial num aspecto filosófico, ético, social e político”, diz. Bela acredita que a alimentação vai além de “matar a fome”, sendo uma ferramenta de transformação social e ambiental. Além do impacto na saúde, a alimentação tem um impacto “profundo no meio ambiente e na vida do agricultor”.

Ela argumenta, no entanto, que escolher o que comprar – como poder optar por alimentos orgânicos, por exemplo – é um privilégio, mas que não deveria ser. “A realidade é que a maioria dos brasileiros não tem o direito de escolher o que comer.”

Com informações do Opera Mundi