Um mês após contrato suspeito de furar fila, gêmeas deixam prefeitura

Um dia depois de receberem a segunda dose e alegando “situação insustentável”, por contratação ser questionada pelo MP do Amazonas, herdeiras de empresário pedem exoneração “voluntariamente”

A prefeitura de Manaus exonerou ontem (12) sete de dez médicos investigados pelo Ministério Público do Amazonas por suspeita de furarem a fila da vacinação contra a covid-19. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Município. Entre os nomes, estão estão as gêmeas Isabelle e Gabrielle Kirk Maddy Lins, filhas de um empresário do ramo da educação em Manaus e no estado. As duas receberam a primeira dose da vacina no dia 19 de janeiro, mas haviam sido contratadas pela prefeitura horas antes. Ambas tomaram a segunda dose em 11 de fevereiro.

O caso ganhou repercussão após as irmãs postarem nas redes sociais que haviam recebido o imunizante. “Vacinada sim!”, escreveu Isabelle. “Nunca tomei uma vacina tão feliz”, postou Gabrielle.

As duas foram nomeadas entre os dias 18 e 19 de janeiro para trabalhar na área administrativa de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) de Manaus. Formadas em medicina no ano passado, elas foram contratadas como gerentes de projetos, com salários de R$ 8 mil.

O pai das gêmeas é Niltinho Lins Jr., herdeiro do hospital e da universidade Nilton Lins, uma das pessoas mais ricas de Manaus. A família Lins é dona de hospitais e universidades particulares na capital amazonense, entre outros negócios.

Questionada, a prefeitura justificou a contratação afirmando que as irmãs estavam em uma lista de dez médicos recém-nomeados “para gerenciar projetos”, mas que, diante da necessidade, foram remanejados para a linha de frente. Assim, teriam direito à vacinação entre os primeiros da fila.

Lista do fura-fila

Ao portal Uol, a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus informou que as exonerações foram “a pedido”, ou seja, solicitadas pelos próprios servidores.

Além das duas, a lista de investigados por furar a fila da vacinação traz nomes de outros oito médicos, dentre eles, o filho do suplente de deputado estadual Wanderley Dallas, David Louis Dallas.

Da lista de ontem, dois dos médicos foram oficialmente exonerados a partir de 1º de fevereiro. Outros cinco, a partir de 4 de fevereiro. Questionada, a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus não soube informar a situação dos outros três médicos, além dos sete exonerados.

Explicação

Em nota assinada por três advogados que representam as gêmeas de Manaus, foi informado que os dez médicos agora demitidos “optaram por formular pedido de exoneração do cargo”. Segundo a defesa, a situação “ficou insustentável” já que o grupo foi questionado pelo MP do Amazonas sobre a forma de contratação. Segundo os advogados “gerou um enorme mal-estar e comprometendo o ambiente de trabalho”.

Fonte: Rede Brasil Atual