Para Freixo, Banco Central tem que ser do povo, não dos banqueiros

Para deputado, jogado no colo dos banqueiros, autonomia do Banco Central pode piorar com propostas como o PL do Cämbio e proibindo o banco de contribuir para o pleno emprego.

Marcelo Freixo, deputado federal

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) criticou a prioridade dada pelo plenário da Câmara à votação da autonomia do Banco Central, enquanto 68 milhões de brasileiros seguem sem o auxílio emergencial. A Câmara dos Deputados aprovou, hoje, a matéria por 339 votos contra 114.

Freixo publicou em seu Twitter, porque a proposta é ruim e como ela vai dificultar o dia a dia dos brasileiros. “Achar que esse debate interessa apenas a economistas é uma armadilha do mercado financeiro”, alerta ele.

Freixo explica que, de modo geral, o papel do BC é ser um dos instrumentos de Estado, para que governos democraticamente eleitos coloquem em prática as políticas econômicas que foram escolhidas pelos brasileiros nas urnas.

Mas com a aprovação da autonomia, o BC deixará de ser esse instrumento para se tornar “uma trincheira privilegiada da defesa dos interesses dos banqueiros dentro do Estado”. “Os governos mudarão, mas a política econômica seguirá sendo ditada pelos bancos”, resumiu.

Para demonstrar isso, ele relatou que Bolsonaro terá o direito de nomear o presidente do BC que ficará no cargo até 2024, o que inclui os dois primeiros anos do mandato de seu sucessor. “Será um governo dentro do governo”, disse ele, sobre a influência que a política econômica de Bolsonaro continuará tendo num próximo governo.

“As decisões do BC sobre a política monetária, juros e câmbio, influenciam o preço da comida, investimento, produção, geração de emprego, endividamento das famílias… Lembrando que pão é trigo e trigo é dólar. Se o real desvaloriza, o pão fica mais caro”, explica o parlamentar do PSOL, sendo bem didático.

Também é papel do BC fiscalizar e regular o sistema financeiro. Por isso, ele lembrou a proposta de sua bancada de ampliação da tributação do lucro líquido dos bancos para financiar a renda básica e socorrer os mais pobres. “Será que isso será possível com o BC nas mãos de banqueiros?”, indagou.

Freixo também mencionou documento do Banco Mundial, instituição capitalista insuspeita, que afirma que a autonomia dos BCs amplia as desigualdades. Leia aqui.

“O BC tem que ser instrumento de promoção do desenvolvimento econômico, enfrentando o poder dos bancos, colaborando com a redução das desigualdades e a geração de emprego. Não pode ser instrumento oficial para banqueiros e especuladores explorarem ainda mais os brasileiros”, defendeu.

Aliás, a autonomia não é o único golpe, de acordo com ele. Também está na pauta o PL do Câmbio, que, segundo Freixo, facilita a evasão de recursos nacionais e reduz as ferramentas para conter a alta do dólar, beneficiando os especuladores e reduzindo o poder de compra dos brasileiros.

A bancada do Partido Novo pode piorar ainda mais a situação. Freixo denuncia que o partido apresentou emenda para tentar impedir que o Banco Central, além de combater a inflação, contribua também com o estímulo ao pleno emprego, como fazem Bancos Centrais de diversos países. “É o bolsonarismo personnalité”, ironiza.

“Essas propostas são uma tentativa do mercado financeiro de fazer passar a boiada, fragilizando governos e submetendo a economia e a vida das pessoas aos interesses dos bancos”, diz o deputado carioca, garantindo a luta contra essa política.

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