A pedido de Dallagnol, Moro agiu para impedir nomeação de Lula como ministro

Os dois conversaram num aplicativo de mensagens sobre a possibilidade de levantar o sigilo de uma ação da Polícia Federal em que constava um relatório a respeito do acervo do ex-presidente

Moro Dallagnal - Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil - Sérgio Lima/Poder360/Drive

Mais uma revelação das conversas entre o procurador Deltan Dallagnol e Sergio Moro demonstra que o ex-juiz agiu para prejudicar Lula. Os dois conversaram num aplicativo de mensagens sobre a possibilidade de levantar o sigilo de uma ação da Polícia Federal em que constava um relatório a respeito do acervo do ex-presidente. A informação é do UOL.

A troca de mensagem ocorreu em 2016, quando o nome do ex-presidente era especulado para assumir o Ministério da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff (PT). Preocupado com o foro privilegiado, Dallagnol diz a Moro que teme que seja inviabilizado a suspensão do sigilo. Após uma hora da conversa, Moro despacha suspendendo o mesmo.

O conteúdo da conversa está no material em que a defesa de Lula teve acesso após o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar o acesso as mensagens obtidas na Operação Spoofing.

Em outro caso envolvendo a quebra de sigilo, o ex-juiz autorizou a divulgação de uma conversa entre Lula e Dilma no dia em que o ex-presidente foi anunciado como ministro.

Trechos

Dallagnol: “A PF [Polícia Federal] deve juntar relatório preliminar sobre os bens encontrados em depósito no Banco do Brasil. Creio que o melhor é levantar o sigilo dessa medida. Abri para manifestação de vocês [força-tarefa da Lava Jato], mas permanece o sigilo. Algum problema?”.

Moro: “Como eventualmente podem conter documentos ou provas (…), justifica-se a busca e apreensão”.

No despacho, o então juiz afirmou que não caberia “qualquer conclusão deste Juízo acerca do resultado da busca”. “Entretanto, ultimada a busca, não mais se faz necessária a manutenção do sigilo”.

Deltan: “Temos receio da nomeação de Lula sair na segunda [14 de março] e não podermos mais levantar o sigilo. Como a diligência está executada, pense só relatório e já há relatório preliminar, seria conveniente sair a decisão hoje, ainda que a secretaria operacionalize na segunda. Se levantar hoje, avise por favor porque entendemos que seria i caso de dar publicidade logo nesse caso”

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