Demora no envio de insumos pode atrasar produção de vacinas

O estoque para formular Coronavac deve durar até o fim de janeiro. Vacina de Oxford/AstraZeneca ainda precisa do princípio ativo, que tinha entrega prevista inicialmente para dezembro do ano passado.

Foto: Itamar Crispim/Fiocruz

Após a aprovação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do uso emergencial para as vacinas do laboratório chinês Sinovac e a da Oxford/ AstraZeneca, em parcerias com o Instituto Butantan e Fundação Oswaldo Cruz, a preocupação passar a ser com os insumos para a produção.

Em relação à CoronaVac, o estoque de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) – o princípio ativo da vacina – permitirá a produção somente até o fim de janeiro. No caso do imunizante da AstraZeneca/Oxford, a entrega do produto nem começou, apesar do acordo ter como prazo inicial o fim do ano passado.

Prontas para serem distribuídas, hoje há 6 milhões de doses da CoronaVac. É possível ainda produzir mais 4,8 milhões de doses com os insumos alocados no Butantan, que devem se esgotar até 31 de janeiro.

Sem novas remessas desde a virada do ano, mais 11 mil litros de IFA são esperados neste mês, o suficiente para produção de 18,3 milhões de doses. O problema é que a carga está retida no aeroporto de Pequim, esperando negociação entre diplomatas e o escritório de São Paulo em Xangai.

O contrato entre São Paulo e SinoVac prevê 46 milhões de doses até abril e transferência de tecnologia para a produção do princípio ativo no Brasil, sendo possível negociar 15 milhões de doses adicionais. O valor acertado é próximo a R$500 milhões.

Em relação ao imunizante desenvolvido pela Oxford/AstraZeneca em parceria com a Fiocruz, os insumos para 1 milhão de doses eram esperados em dezembro. A entrega havia sido adiada para 12 de janeiro, mas novamente não chegou. O laboratório responsável pela produção é a chinesa WuXi, contratada pela AstraZeneca.

O contrato determina a aquisição de 100,4 milhões de doses e transferência de tecnologia do IFA. O governo federal se comprometeu a pagar R$ 1,9 bilhão. Metade do total de doses deveria chegar ao país até abril e o resto até junho.

Nenhum dos institutos entraram em detalhes sobre o tema por razões diplomáticas. A embaixada do Brasil foi acionada em Pequim para tentar entender as razões da retenção das cargas.

Dimas Covas, diretor do Butantan, afirmou em entrevista coletiva nesta segunda (18) apenas que espera uma resolução “o mais rapidamente possível”.

Segundo a Folha de S.Paulo, a principal suspeita pelo atraso é semelhante ao que ocorreu com as doses da vacina de Oxford produzidas na Índia, que recusou o envio até que o programa de vacinação nacional tenha alcançado um número estabelecido pelo governo.

Segundo a Anvisa, a China fornece 35% e a Índia 37% dos insumos farmacêuticos usados no Brasil.

Com informações de Folha de S.Paulo

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