Guedes quer reduzir “custo Brasil” para manter Ford

Ministério pede avanço de reformas para manter fábricas no país

Novos veículos da Ford são vistos no estacionamento da fábrica em São Bernardo do Campo

A melhoria do ambiente de negócios e o avanço das reformas estruturais são necessários para reduzir o custo de manter empresas no país, informou hoje (11) o Ministério da Economia. Segundo a equipe econômica, o governo tem promovido ações para reduzir o custo de manter negócios no país. No entanto, a pasta pediu a aprovação de reformas que modernizem a economia brasileira.

“O ministério trabalha intensamente na redução do custo Brasil com iniciativas que já promoveram avanços importantes. Isto reforça a necessidade de rápida implementação das medidas de melhoria do ambiente de negócios e de avançar nas reformas estruturais”, concluiu o texto.

Entre essas reformas, existe a prioridade para uma mudança tributária mais estrutural. Embora o trabalhador seja o mais prejudicado pelos altos impostos que incidem sobre os produtos varejistas e sobre a renda, as manifestações do governo e das entidades da indústria têm sido no sentido de reduzir a tributação para insumos e taxação de produtos da indústria, em sua cadeia produtiva.

A própria Ford já se beneficiou de inúmeras isenções fiscais sobre a produção de automóveis, o que não a impediu de decidir pelo desmonte de seu parque industrial no país. Este tem sido o histórico dessas transnacionais, inclusive em seu país de origem.

Usufruindo de benefícios fiscais e doação de terrenos em Detroit, as montadoras decidiram abandonar a cidade para se instalarem no México, entre outros países, levando a cidade à falência. Detroit perdeu dois terços de sua população e tem tido dificuldades para se recuperar da degradação, abandono e pobreza que a atingiu com a saída simultânea e generalizada da sua principal indústria.

Em nota, o Ministério da Economia lamentou a decisão da montadora Ford de encerrar a produção no Brasil e destacou que a saída do país contrasta com a recuperação na indústria nos últimos meses.

“O Ministério da Economia lamenta a decisão global e estratégica da Ford de encerrar a produção no Brasil. A decisão da montadora destoa da forte recuperação observada na maioria dos setores da indústria no país, muitos já registrando resultados superiores ao período pré-crise”, divulgou a pasta esta noite em comunicado.

Repercussões

Entidades do setor produtivo também destacaram a necessidade da aprovação de reformas. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou, em nota, que a reforma tributária deve ser a prioridade para reduzir o principal entrave à competitividade do setor industrial brasileiro.

“O Brasil tem que lutar para melhorar sua competitividade, pois, além das fábricas, há toda uma cadeia automotiva que inclui redes de concessionárias, fornecedores de partes e peças e diversos outros serviços. Essa decisão reforça a urgência de se avançar na agenda de competitividade e redução do custo Brasil”, destacou em comunicado o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) o encerramento das atividades da Ford representa “uma triste notícia para o país”. A entidade também pediu a aprovação de uma agenda que reduza o custo Brasil e criticou a alta tributação sobre os automóveis praticada no país.

“A alta carga tributária brasileira faz diferença na hora da tomada de decisões. O custo de cada automóvel produzido aqui, por exemplo, dobra apenas por conta dos impostos”, informou a Fiesp. “Precisamos urgentemente fazer as reformas estruturais, baixar impostos e melhorar a competitividade da nossa economia para atrair investimentos e gerar os empregos de que o Brasil tanto precisa”, concluiu a entidade em nota.

Há controvérsias sobre esta análise. Tributaristas e especialistas da indústria dizem que a incidência de impostos sobre a produção e venda de automóveis não explicam o alto custo dos automóveis no Brasil, se comparado com outros países da América Latina. Representantes da própria indústria e concessionárias dizem que “o preço no Brasil é maior, porque o brasileiro paga”.

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