Relator da ONU pede libertação imediata de Julian Assange

O relator especial da ONU sobre tortura, Nils Melzer, exigiu nesta quarta-feira (8) das autoridades britânicas a libertação imediata do fundador do Wikileaks, Julian Assange, e a cessação de ações desumanas contra ele.

Por meio de nota, Melzer lembrou que o dia 7 deste mês marcou o 10º aniversário da primeira prisão do ciberativista e denunciou as perseguições, abusos e detenções arbitrárias contra o jornalista australiano.

Além disso, alertou para a existência de um surto de Covid-19 na prisão britânica de Belmarsh, que representa um grave perigo para a sua vida, visto Assange sofre de problemas respiratórios.

Após sete anos asilado na embaixada do Equador em Londres, Assange foi preso pela Scotland Yard em 11 de abril de 2019, depois que o presidente do país sul-americano, Lenín Moreno, retirou sua proteção diplomática.

Por sua vez, os Estados Unidos estão tentando extraditá-lo para julgá-lo por 17 acusações de espionagem e uma de conspiração para cometer pirataria informática, que acarretam uma pena de até 175 anos de prisão.

As acusações são baseadas na publicação no WikiLeaks de milhares de arquivos secretos que revelaram crimes de guerra cometidos por tropas americanas no Iraque e no Afeganistão, e avaliações comprometedoras feitas por diplomatas do Departamento de Estado de outros governos e líderes políticos.

O julgamento de extradição do ciberativista foi concluído em 1º de outubro em um tribunal de Londres, mas o veredicto não será conhecido até 4 de janeiro de 2021.

O relator da ONU expressou sua preocupação com o estado de saúde do fundador do Wikileaks e observou que 65 dos 160 prisioneiros em Belmarsh estavam infectados com o coronavírus SARS-CoV-2.

Assange não é um criminoso e não representa perigo para ninguém. Seu confinamento prolongado em uma prisão de alta segurança não é necessário nem legal, disse Melzer.

Também denunciou que o ciberativista é vítima de atos de tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes.

Por essas razões, ele exigiu sua libertação ou a aplicação de prisão domiciliar até a sentença final do tribunal.

Além disso, pediu à Justiça britânica que não extradite Assange para os Estados Unidos, onde seus direitos e integridade serão violados.

Fonte: Prensa Latina