Falsa retomada: PIB cresce abaixo da previsão do governo e do mercado

Crescimento, embora recorde, foi uma decepção

Com o relaxamento do distanciamento social e a reabertura gradual da economia, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 7,7% no terceiro trimestre de 2020, na comparação com os três meses anteriores. Porém, em relação ao terceiro trimestre de 2019, houve queda de 3,9%. O PIB recuou 5% no acumulado do ano e 3,4% em 12 meses.

Era esperado que a taxa trimestral seguisse a tendência de outras nações e batesse recorde, já que a comparação era com a base deprimida do segundo trimestre – período em que a indústria, o comércio e outros setores praticamente pararam. Entre abril e junho deste ano, houve queda recorde do PIB brasileiro. Ainda assim, o resultado foi uma decepção, ficando abaixo das previsões do mercado e do governo Jair Bolsonaro.

Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam crescimento de 8,7% na comparação com o trimestre anterior e queda de 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ministério da Economia previa alta de 8,3% no terceiro trimestre em relação ao segundo e queda de 3,9% sobre o mesmo período de 2019.

O crescimento no terceiro trimestre de 7,7% foi puxado, essencialmente, pelo setor secundário. A Agropecuária caiu 0,5%, a Indústria cresceu 14,8% e os Serviços subiram 6,3%. Entre as atividades industriais, destaca-se o crescimento de 23,7% das Indústrias de transformação. Também houve alta para Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (8,5%), Construção (5,6%) e Indústrias extrativas (2,5%).

Nos Serviços, sobressaem o Comércio (15,9%) e Transporte, armazenagem e correio (12,5%). Já as Exportações de Bens e Serviços tiveram queda de 2,1%, enquanto as Importações de Bens e Serviços caíram 9,6% em relação ao trimestre anterior.

É preciso ponderar, ainda, que o resultado não se deu pela retomada econômica generalizada – que permanece distante. O Brasil teve um dos maiores pacotes de estímulos fiscais para enfrentar a pandemia de Covid-19, com injeção de cerca de R$ 400 bilhões naqueles três meses (25% do PIB do trimestre), juros baixos e um cenário externo favorável para as exportações brasileiras. Apesar disso, crescemos menos do que nações ocidentais. Entre 30 economias que já divulgaram o resultado do segundo trimestre, o crescimento do PIB ficou em 8,5% na média, conforme dados da OCDE.

O País vive, portanto, uma falsa retomada. A economia brasileira ainda não voltou ao nível pré-crise e se encontra nos menores patamares dos últimos dez anos, que devem se encerrar como uma nova década perdida. A expectativa, agora, é de um crescimento mais lento nos últimos três meses deste ano e de retorno ao patamar de 2019 em algum momento de 2021 ou 2022.

Em junho, o Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), órgão ligado ao Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) e formado por oito economistas de diversas instituições, definiu que o Brasil entrou em recessão no primeiro trimestre de 2020, encerrando um ciclo de estagnação de três anos (2017-2019). A expectativa é que a recessão atual seja curta, mas com intensidade recorde, considerando dados dos últimos 40 anos.

A taxa de investimento no terceiro trimestre foi de 16,2% do PIB, ficando praticamente estável em relação a observada no mesmo período de 2019 (16,3%). No acumulado do ano, o PIB caiu 5,0% em relação a igual período de 2019. Entre os grandes setores, a Agropecuária cresceu 2,4%, mas houve quedas enquanto a Indústria (-5,1%) e os Serviços (-5,3%) registraram queda.

Com informações da Folhapress e do IBGE

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