Bolsonarismo isolou o Capitão Wagner em Fortaleza

Capitão Wagner confirma fenômeno antibolsonarista que derreteu Celso Russomanno, em São Paulo, e deve defenestrar Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, entre tantos outros.

Aliança de capitão com capitão gerou bola de espinhos que espantou todas as forças políticas ao redor. Reprodução de live entre Bolsonaro e Wagner

Ao contrário do que diziam especialistas, a eleição não se restringiu aos assuntos de zeladoria urbana, nem sequer escapou ao furor das fake news. Principalmente nas capitais, a polarização política se manifestou abertamente no festival de boataria, mentiras, manipulações, ataques abaixo da cintura e temas não apenas, nacionais, como internacionais. Teve até candidato a prefeito tendo que dizer se apoiava “ditaduras” na Venezuela.

O jornalismo tipicamente “imparcial e neutro” entre os trópicos embarcou sem embaraços na lógica bolsonarista emparedando candidatos de esquerda com questionamentos sobre o “perigo comunista”, ou simplesmente recusando-lhes espaço de expressão.

No entanto, o amadurecimento do eleitor que recua diante de certas mentiras repetidas incessantemente, mas desconfia abertamente quando tudo começa a perder o sentido, tem feito do bolsonarismo e do apoio de Jair Bolsonaro uma verdadeira bola de ferro arrastando candidatos para o afogamento. Foi assim com Celso Russomanno, em São Paulo, sinaliza para uma enterro épico de Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, entre tantos outros.

Em Fortaleza, não tem sido diferente. Quase nada se fala dos problemas concretos da cidade. Trata-se o candidato a prefeito como alguém capaz de resolver o que presidente da República nenhum resolveu. Um tom de campanha que só serve para unificar ainda mais todas as forças políticas progressistas contra o candidato de Bolsonaro.

O candidato José Sarto (PDT), afilhado político de Ciro Gomes lidera o Ibope de 61% cercado de setores avançados por todos os lados, enquanto o rival, Capitão Wagner (Pros), permanece isolado nos 39% com o presidente como único cabo eleitoral.

Com o avanço do processo de campanha, Bolsonaro foi se tornando aquele na talismã pé-frio, do qual todos querem delicada e sutilmente se afastar. Tarde demais, dizer que Wagner não era bolsonarista e votava contra o governo na Camara dos Deputados, de vez em quando. Não colou! Afinal, o Mito já fizera questão de pedir votos para o candidato cearense em suas “lives eleitorais”. Depois disso, todos os candidatos derrotados no primeiro turno perderam a dúvida de quem apoiar no segundo.

Nem só do apoio de lideranças locais usufruiu Sarto. Os apoios vieram de todos os cantos do país. Somente Luizianne Lins, a candidata do PT no primeiro turno, manteve silêncio, diante da rivalidade local com os Ferreira Gomes, que lhe é difícil superar.

“Fortaleza prefere um candidato politicamente isolado, mas que tenha liberdade para formar secretariado”, foi a ladainha no dia da votação, admitindo a rejeição generalizada.

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