Boulos e Manuela tendem a superar a previsão de votos das pesquisas

Para o analista Marcos Coimbra, do Vox Populi, desejo de mudança favorece candidatos de esquerda; disputa é acirrada nas capitais

Manuela D'Ávila e Guilherme Boulos conversam durante a campanha presidencial de 2018 | Foto: Divulgação / Equipe Manuela D'Ávila

No 1° turno das eleições municipais, em 15 de novembro, Guilherme Boulos (PSOL) obteve 20,24% dos votos para a prefeitura de São Paulo. As últimas pesquisas antes da votação apontavam para um desempenho inferior, mesmo considerando as margens de erro. Segundo o Ibope, o candidato totalizaria 16% dos votos e de acordo com o Datafolha seriam 17%.

Para vencer Bruno Covas (PSDB) no segundo turno, Boulos irá precisar surpreender mais ainda do que no primeiro turno. Segundo o Datafolha publicado na terça-feira (24), o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) está 7% atrás de Covas. O levantamento da XP/Ipespe, divulgado na quinta (26), a diferença é de 10%. Para Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do instituto Vox Populi, que realiza pesquisas de opinião há 36 anos, Boulos ainda pode alcançar Covas.

“Quem vai votar no Bruno Covas já tem a escolha definida. É um voto ‘fácil’, por ser um sujeito conhecido, neto do Mário Covas [ex-governador paulista, falecido em 2001]. É um voto encaixado dentro do que o velho senso comum recomendaria”, argumenta o especialista. “A questão é que estamos vivendo outro mundo, e as pessoas sentem que as coisas precisam mudar. Quem diz que está em dúvida é quem está querendo votar no Boulos, mas não admite isso para si mesmo ainda”, afirma Coimbra.

Os eleitores que ainda não decidiram entre os candidatos somam cerca de 17 pontos percentuais. Nessa conta, entram as intenções de votos brancos e nulos, além dos que não souberam ou não opinaram na última pesquisa do Ibope. Considerando o mesmo levantamento, a diferença entre Covas e Boulos caiu seis pontos em menos de uma semana.

No último levantamento do Ibope, o ritmo de crescimento da candidatura do PSOL diminuiu, mas não significa que o eleitor já tenha definido seu voto.

“Será que eu vou ter coragem de votar no Boulos? É disso que estamos falando”, reflete Coimbra. “Considerando a tradição política da cidade, é uma ousadia votar em um candidato com uma biografia de esquerda, que tem um partido de esquerda muito definido. É uma ruptura que o eleitor assimila aos poucos, e as pesquisas talvez não reflitam isso de maneira correta, apesar de estarmos às vésperas das eleições”.

Uma lógica análoga pode ser aplicada a candidatura de Manuela D’Ávila (PCdoB), que disputa com Sebastião Melo (MDB) a prefeitura de Porto Alegre.

“O eleitor não quer votar ‘pra trás’, não quer votar por medo. Quer votar para frente, sem amarras”, analisa o presidente do Vox Populi. “É por isso que a candidatura da Manuela também continua com chances de vitória. Muitos votam com convicção, mas há uma parcela do eleitorado que quer experimentar algo diferente, e são esses que levam mais tempo para decidir o voto”.

Manuela teria 46% dos votos válidos na capital gaúcha, segundo o Ibope, contra 54% de Sebastião Melo (MDB). Brancos e nulos somam 5%, enquanto 4% dos entrevistados não responderam ou disseram que não sabem em quem votarão.

O 2º turno das eleições municipais ocorrerá no dia 29 de novembro.

Com informações de Brasil de Fato

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