Estados Unidos: Trump recua e inicia transição de poder para Biden

Administração de Serviços Gerais afirmou que democrata é o “vencedor aparente”, abrindo caminho à sucessão

Donald Trump cedeu. Vinte dias após perder as eleições, o presidente dos Estados Unidos autorizou o governo a proceder com a transição de poder. Ele não reconheceu a derrota, mas a Administração de Serviços Gerais (GSA na sigla em inglês) afirmou que Joe Biden é o “vencedor aparente”, abrindo caminho à sucessão. Na prática, Trump recuou.

Ele seguiu o conselho dos assessores que lhe pediam que fizesse o anúncio da transição antes do dia de Ação de Graças (26 de novembro) e recomendou a sua equipe, pelo Twitter, que faça “o necessário” em relação “aos protocolos iniciais”. É o primeiro passo para sepultar o golpe do republicano sobre uma infundada fraude no pleito.

“Nossa causa continua com força, continuaremos lutando, e acho que prevaleceremos. Mas no interesse de nosso país recomendo que Emily [Murphy, administradora da GSA] e sua equipe façam o que se tem de fazer em relação aos protocolos iniciais, e disse a minha equipe que faça o mesmo”, tuitou o presidente nesta segunda-feira (23).

A GSA, por meio de sua administradora, Emily Murphy, enviou uma carta à equipe do presidente eleito Joe Biden em que anuncia que estão prontos para iniciar o processo formal de transição presidencial. “Levo a sério este papel e, pelos acontecimentos recentes relacionados a desafios legais e certificação de resultados eleitorais, transmito esta carta hoje para que vocês tenham esses recursos e serviços”, escreveu Murphy na carta, de uma página.

A carta foi enviada após Michigan certificar a vitória de Biden nesse estado, por uma vantagem de 155 mil votos. Rudy Giuliani, à frente da equipe legal de Trump, está há duas semanas enchendo a cabeça do presidente com teorias conspiratórias sobre supostas fraudes maciças, e dizendo-lhe que seus assessores estão mentindo. Mas a influência de Giuliani diminuiu pela contundente, se não humilhante, recente derrota judicial na Pensilvânia, seguida da certificação de sua derrota em Michigan.

Na carta, Murphy diz que não recebeu nenhuma “pressão direta ou indireta” por parte do Executivo para atrasar sua decisão, mas que recebeu “ameaças” para tentar obrigá-la a tomar sua decisão “de maneira prematura”. Em seus tuites, Trump também se refere a “ameaças e abusos” como justificativa de sua decisão de dar sinal verde ao processo.

A certificação da vitória de Biden em Michigan se soma a uma série de derrotas sofridas por Trump em sua cruzada para reverter o resultado de eleições que o republicano perdeu por uma margem de 6 milhões de votos e uma vantagem de 74 votos no colégio eleitoral. Trump pretendia atrasar o processo de certificação do resultado nesse estado, que dá 16 votos no colégio eleitoral. Na véspera, na Pensilvânia, a sentença da Justiça foi contra a campanha republicana que acusava os democratas de fraude.

Nos últimos dias, aumentou muito a pressão sobre Trump para a transição de poder conhecer os assuntos importantes e até contar com meios materiais para fazê-lo. A transição é um processo regulamentado por lei que permite à Administração que chega se reunir com a que sai. Senadores e outras figuras do Partido Republicano, especialistas em segurança nacional e mais de 160 líderes empresariais pediram ao presidente que pare de bloquear um processo destinado a evitar sobressaltos na mudança de uma Administração à outra.

Com informações do El País