Diretor da Anvisa evita falar da ação de Bolsonaro contra vacina CoronaVac

Diretor-presidente do órgão explicou aos senadores que a paralisação dos testes da vacina de combate à Covid-19 teve caráter técnico

O diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres (Foto: Reprodução TV Senado)

Dias após o imbróglio criado entre a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Instituto Butantan, a CoronaVac e o presidente Jair Bolsonaro comemorando a paralisação de testes sobre a vacina desenvolvida pelo Instituto em parceira com a Sinovac, o Senado ouviu nesta sexta-feira (13) explicações acerca dos motivos que levaram à paralisação e a possível politização em torno dos testes vacinais de combate à Covid-19. O convite ao representante da Anvisa foi feito pelo líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE).

O diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, defendeu a comunicação que tem sido feita entre os órgãos, afirmou que a decisão de suspensão dos testes realizados pelo Instituto Butantan tiveram caráter exclusivamente técnico e se recusou a comentar a politização promovida, em especial por Jair Bolsonaro, em torno das vacinas em desenvolvimento.

“Quanto a avaliações que possamos fazer de posturas do governo federal ou de qualquer governo estadual, não é atribuição da Anvisa. Não faremos comentários sobre o que este ou aquele governo tem declarado em relação a essa questão. A decisão de suspensão dos testes da vacina não foi desse diretor-presidente. Foi da comissão interna da Anvisa formada por 18 especialistas. Esse grupo toma decisões de forma autônoma para manter toda questão técnica na área técnica”, explicou.

Na última terça-feira (10), Bolsonaro afirmou que a vacina CoronaVac causa “morte, invalidez e anomalia” e que “ganhou” mais uma disputa contra o governador do estado de São Paulo, João Doria, estado em que fica o Instituto Butantan.

Na noite de ontem (12), Bolsonaro voltou a espalhar dúvidas e pânico sobre a interrupção dos testes da vacina. De acordo com ele, a morte do voluntário “pode ser o efeito colateral da vacina também”. De acordo com boletim de ocorrência obtido pela imprensa, a causa da morte do voluntário que participava dos testes da vacina CoronaVac foi suicídio.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o evento adverso não tem nenhum tipo de relação com os testes da vacina e defendeu que o assunto seja tratado de forma técnica.

“Evento adverso é diferente de reação adversa. O evento adverso não tem nenhuma ligação com a vacina. Tenho ressaltado que esse deve ser um assunto técnico, que diz respeito ao estudo clínico, a segurança da vacina e ao compromisso que devemos ter com a saúde do povo brasileiro. Minha preocupação maior é trazer essa vacina para uso o mais rápido possível. Tem cerca de 400 pessoas morrendo por dia e um dia com vacina faz diferença”, afirmou.

Solidariedade ao povo chinês

O senador Jaques Wagner (PT-BA) prestou solidariedade ao povo chinês e à ciência chinesa após reiterados ataques promovidos por Jair Bolsonaro e seus apoiadores. O senador lembrou que os cientistas brasileiros do Instituto Butantan têm trabalhado “arduamente” para que tenhamos uma vacina capaz de dar tranquilidade à população.

“Infelizmente, membros do atual governo federal confundem a disputa política legítima com o obscurantismo daqueles que querem negar a ciência. Não me interessa a coloração da vacina, o importante é que ela imunize o povo e que a gente possa voltar a ter tranquilidade”, disse o senador.

Fonte: PT no Senado

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