Márcio Jerry critica uso político da Anvisa e pede respeito ao órgão

Decisão da Anvisa na terça colocou o órgão em um choque de versões com o Butantan, na polêmica envolvendo a paralisação dos testes da CoronaVac

Foto: Richard Silva/ PCdoB na Câmara

Vice-líder do PCdoB na Câmara, o deputado federal Márcio Jerry (MA) não poupou críticas a Jair Bolsonaro (sem partido), após o presidente politizar a vacina CoronaVac e comemorar a paralisação dos testes com o imunizante produzido pela farmacêutica chinesa Sinovac e Instituto Butantan.

Na terça-feira (10), o ex-capitão do Exército chamou a atenção do Brasil e do mundo ao boicotar publicamente o esforço científico para deter a pandemia da Covid-19, dizendo que país precisa deixar de ser um “país de maricas” no combate à doença.

“Como é aliado do coronavírus, Jair Bolsonaro obviamente é contra a vacina. Que pesadelo. A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] não pode ser reduzida a uma agência a serviço de um genocida. Utilizá-la em ‘guerra’ absurda é agredir uma agência que tem referência e respeito”, disse o parlamentar.

A decisão da Anvisa colocou o órgão em um choque de versões com o Butantan, que sustentou a posição de que o “evento adverso grave” observado em um voluntário do estudo clínico da Coronavac – usado como justificativa pela Anvisa – não teve relação com o imunizante e que a instituição teria sido notificada com antecedência.

A descompostura do mandatário brasileiro promete trazer consequências diretas ao país.

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia e Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social afirmaram no fim da terça que pretendem apresentar ao Tribunal Penal Internacional (TPI) – que julga crimes contra a humanidade – a acusação de que o chefe do governo tratou a morte de um voluntário dos testes da CoronaVac como uma vitória política contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).