Médico se vangloria de fornecer atestado contra o uso de máscaras

Ginecologista diz nas redes sociais que em sua luta diária já forneceu 20 atestados contra a “focinheira” e defende a disseminação de sua iniciativa

Reprodução redes sociais

O Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) está apurando a conduta do médico Sérgio Marcussi, de Belo Horizonte, que anuncia nas redes sociais a emissão de atestados para os pacientes que não querem usar máscaras de proteção contra o novo coronavírus (Covid-19). No Twitter ele chegou a lardear seus feitos: “A luta diária, fiz 20 atestados desses. Vamos disseminando!”.

Ele é ginecologista, obstetra e nutrólogo e tem uma clínica na Savassi, na Zona Sul de Belo Horizonte. No Instagram, Marcussi postou alguns vídeos dizendo que o atestado é para pessoas que têm cefaleia, ou seja, dor de cabeça, ou algum outro sofrimento patológico quando usam as máscaras. 

Alguns internautas interagiram com o médico, quando foram orientados a irem à clínica para conseguirem o atestado. Um paciente chegou a mostrar o atestado e disse que conseguiu não usar máscara no aeroporto. Em uma postagem Marcussi diz: “Melhor que ser retardado usando máscara. kkkk.” Já em outra ele destaca que “Está é a solução para você se livrar da focinheira. Eu chamo de cabresto também”.

“Proteção”

O médico alega que “não há distribuição de atestado, nunca teve. Todos os atestados são precedidos de uma consulta médica. A questão da cefaleia é uma das envolvendo (a entrega do atestado). Tem outras questões”, disse ao jornal O Tempo. Ele disse ainda que na lei está previsto que, se a pessoa tiver uma condição que a impeça de usar a máscara e que precisa de um atestado médico, ela pode ser liberada da proteção.

Em resposta enviada pelo WhatsApp ao jornal, o médico afirma que “a reportagem que vocês [se referindo ao jornal] colocaram no ar não tem nenhuma correlação com a veracidade dos fatos”. “Não dou entrevistas porque isso não é matéria para reportagem nenhuma, não é notícia. Informar a população que existe uma lei apenas não é notícia”, completou.

O uso de máscara de proteção é uma medida sanitária exigida em Minas Gerais e em todo Brasil por causa do combate à pandemia do novo coronavírus.   

Nota do CRM

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG)  divulgou nota informando que “apura denúncias formais,  de ofício e de conhecimento público,  de acordo com os trâmites estabelecidos no Código de Processo Ético Profissional (CPEP), e os  procedimentos correm sob sigilo.  As denúncias formais devem ser feitas por escrito e, se possível, conter o relato detalhado dos fatos e identificação completa dos envolvidos. Precisam ser assinadas e documentadas. Podem ser entregues na sede do CRM-MG em BH ou nas regionais, no interior do estado; enviadas por correio ou para o e-mail processos.crmmg@portalmedico.org.br. Todos os documentos e imagens devem ser legíveis. Não são aceitas denúncias anônimas.”

Em nota enviada à imprensa nesta quarta-feira, 28, o CRM informou que tomou conhecimento do caso pela imprensa e que “iniciará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos, em conformidade com o Código de Processo Ético Profissional (CPEP)”. O processo correrá em sigilo. No comunicado, o conselho reforça as orientações das autoridades sanitárias como o uso de máscara e distanciamento social.