Bolsonaro recua e Anvisa autoriza a importação da vacina chinesa

Como previsto, Bolsonaro faz agitação para agradar Trump mas acaba comprando a vacina chinesa

Vacina da empresa chinesa Sinovac é produzida no Brasil pelo Butantan - Foto: Governo do Estado de São Paulo

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou nesta sexta-feira (23) a importação excepcional, pelo Instituto Butantan, de 6 milhões de
doses da vacina Coronavac, produzida pela empresa chinesa Sinovac. A decisão é um recuo da declaração do presidente negando a compra da vacina chinesa, que humilhou o ministro da Saúde que acabara de anunciar o contrato com a China.

Por outro lado, o recuo ocorre um dia após o diretor-geral do instituto, Dimas Covas, afirmar que a Anvisa estaria retardando a autorização para a importação excepcional de matéria-prima da Sinovac que possibilitará a fabricação da vacina no Brasil. As repercussões desse desencontro governamental foi ruim para o Governo Federal que não levou em conta a preocupação com a saúde pública, mas a ideologização do combate à pandemia.

O pedido, feito em 23 de setembro, incluía também o recebimento de 6 milhões de doses de vacinas já prontas pela empresa chinesa. O plano original do Butantan era receber essas doses em outubro e fabricar no Brasil, até dezembro, as outras 40 milhões de doses a partir da matéria-prima que chegaria da China.

Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro esvaziou o plano do Ministério da Saúde de compra futura de doses da Coronavac, criticou o governador João Doria (PSDB-SP) e disse que a vacina não seria confiável por causa de sua origem.

Inicialmente, a Anvisa não respondeu sobre os motivos do atraso e informou apenas que o pedido foi incluído em uma ferramenta especial de análise, chamado de circuito deliberativo, com previsão de decisão em até cinco dias.

Publicado nesta sexta, o aval para importação das 6 milhões de doses
representa, assim, uma parte da decisão sobre o processo. Falta, ainda, a
análise da importação de matéria-prima, prevista para ocorrer em reunião
marcada para o dia 4 de novembro.

Mais cedo, a Anvisa negou ter atrasado a análise e afirmou que o processo já havia sido analisado, mas que “foram identificadas discrepâncias”. O órgão não disse quais.

Em meio a polêmica, a decisão que libera a importação das doses de vacinas foi aprovada por unanimidade entre os diretores da Anvisa.

No texto que traz o aval, a agência reforça que “a utilização do produto ficará condicionada à obtenção de seu registro sanitário junto à Anvisa”, ou seja, após a conclusão dos testes clínicos e a solicitação do aval. A medida é protocolar, absolutamente já prevista pelas instituições envolvidas.

Testes clínicos

A CoronaVac está na terceira fase de testes clínicos. Atualmente, 9.039 voluntários participam dos estudos clínicos da vacina, feitos com profissionais da área da saúde de sete estados. 

Como a Anvisa já havia aprovado a ampliação do estudo para 13 mil voluntários, o governo paulista decidiu ampliar o número de centros de pesquisa. Na fase atual, metade dos participantes recebe a vacina e a outra metade, placebo.

Caso a última etapa de testes comprove a eficácia da vacina, o acordo entre a Sinovac e o Butantan prevê a transferência de tecnologia para produção do imunizante no Brasil.

Eficácia

Para comprovar a eficácia da vacina, é preciso que pelo menos 61 participantes do estudo, que tomaram placebo, sejam contaminados pelo vírus. A partir dessa amostragem, é feita então uma comparação com o total dos que receberam a vacina e, eventualmente, também tiveram diagnóstico positivo da covid-19.

Se o imunizante atingir os índices necessários de eficácia e segurança, será submetido a uma avaliação da Anvisa para registro e só então a vacina estaria liberada para aplicação na população.

Com informações das Agências de Notícias

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