Pós-pandemia: automação cortará 85 milhões de empregos em 5 anos

“A Covid-19 acelerou a chegada do futuro do trabalho”, diz a diretora-executiva do Fórum Econômico Mundial

Na esteira da recessão provocada pela pandemia da Covid-19, a automação no mundo do trabalho está aumentando de forma mais rápida do que se esperava. É o que aponta um relatório que o Fórum Econômico Mundial publica nesta quarta-feira (21).

“A Covid-19 acelerou a chegada do futuro do trabalho”, afirma Saadia Zahidi, diretora-executiva do Fórum Econômico Mundial. “Aceleração da automação e consequências da recessão (decorrentes) da Covid-19 aprofundaram desigualdades existentes nos mercados de trabalho e reverteram ganhos no emprego obtidos desde a crise financeira de 2007-08.”

O estudo “O Futuro do Emprego 2020”, feito em parceria com LinkedIn, Coursera, FutureFit AI e ADP, prevê que a automação deverá destruir ao menos 85 milhões de empregos nos próximos cinco anos. O impacto será sobretudo em grandes e médias empresas, em 15 setores industriais e 26 economias – incluindo a brasileira –, pela mudança na divisão do trabalho entre humanos e máquinas.

Ao mesmo tempo, serão criados 97 milhões de novos empregos em áreas como cuidados de saúde, tecnologias da 4ª Revolução Industrial, economia verde, criação de conteúdo, novas tarefas na engenharia, computação em nuvem e desenvolvimento de produtos. Até 2025, os empregos serão divididos igualmente entre humanos e máquinas. Para trabalhadores que continuam em suas funções nos próximos cinco anos, quase 50% precisará se requalificar para novas atividades essenciais.

O potencial é que 44% da força de trabalho opere de forma remota, o que requer adaptações. E 78% dos líderes empresariais preveem impactos negativos na produtividade dos empregados. Segundo o estudo, a criação de empregos diminuirá, enquanto a destruição de postos de trabalho vai se acelerar.

Mais de 80% dos executivos consultados pelo Fórum dizem estar acelerando planos para digitalizar o trabalho e utilizar novas tecnologias. A previsão é de que os negócios mais competitivos serão aqueles que escolherem requalificar sua força de trabalho atual. No Brasil, 92% das empresas consultadas disseram que vão acelerar o processo de digitalização, e 88% veem mais oportunidades para trabalho remoto.

O diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, alertou para a falta de proteção social para 2 bilhões de trabalhadores na economia informal – o equivalente a 61,2% da força de trabalho mundial – e suas famílias, o que os torna particularmente vulneráveis. Isso ocorre num mundo que está mais pobre do que antes da pandemia. A renda global pode ser US$ 7 trilhões menor no fim de 2021 do que a OCDE tinha previsto em novembro do ano passado.

Já as perdas de horas de trabalho no terceiro trimestre equivalem a 345 milhões de empregos. Previsão da OIT para o quarto trimestre indica perspectiva ainda difícil, com as horas de trabalho perdidas sendo equivalentes a 245 milhões de empregos.

Conforme a OIT, a renda do trabalho declinou US$ 3,5 trilhões ou 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) global, nos três primeiros trimestres do ano, comparado ao mesmo período de 2019. Por sua vez, o Fórum Econômico Mundial nota que até o fim de setembro o país que teve maior recuperação na contratação de trabalhadores foi a China (22%).

Com informações do Valor Econômico

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