Governo Bolsonaro tentou unir direita nas eleições da Bolívia

Planalto tem atuado sistematicamente para dar apoio ao governo golpista da presidente Jeanine Áñez. Às vésperas da eleição presidencial de amanhã, o governo brasileiro tenta ainda barrar retorno do Movimento ao Socialismo (MAS), do ex-presidente Evo Morales, ao poder.

Bolivianos - Reprodução

A jogada necessária para derrotar o favorito — o ex-ministro da Economia do governo Evo Morales (2006-2019), Luis Arce — era, na visão do governo Jair Bolsonaro, uma ampla aliança da centro-direita, diz o jornal O Globo. O recado foi dado pelo Brasil a importantes lideranças bolivianas, mas a estratégia esbarrou em disputas internas.

Uma hipotética vitória do MAS, segundo o jornal, é considerada pelo governo Bolsonaro uma ameaça à “estabilidade política no país”, com quem o Brasil compartilha sua maior fronteira na região, além de representar o fracasso de uma clara aposta de Bolsonaro para ampliar sua zona de influência na América do Sul.

Um dos principais obstáculos para a unificação da direita boliviana foi a rígida posição de Luis Fernando Camacho, ex-presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz e líder da onda de manifestações golpistas em 2019. Amanhã, os três principais candidatos à Presidência serão Arce, o ex-presidente Carlos Mesa (2002-2003) e Camacho.

Algumas pesquisas, segundo O Globo, apontam triunfo do candidato do MAS no primeiro turno (para isso é preciso obter mais de 50% ou 40% dos votos com uma diferença de pelo menos dez pontos percentuais em relação ao segundo colocado) ou um eventual segundo turno entre Arce e Mesa. Se houver segundo turno, o governo golpista de Áñez e seus sócios regionais, entre eles o Brasil, confiam numa frente de direita que impeça a eleição de Arce.