O manual de ingerência do Parlamento Europeu

Derrotada a tentativa de transformar a Bielorrússia numa nova Ucrânia – colocada a saque e ao arbítrio da criminosa ação de grupos fascistas –, eis que a operação de desestabilização se molda, procurando mimetizar o roteiro aplicado contra a Venezuela bolivariana.

E, tal como no orquestrado golpe imposto à Ucrânia, as diversas instituições da União Europeia (UE) assumem-se como protagonistas maiores da (nova) operação contra a Bielorrússia.

Para além da hipócrita e provocatória decisão de aplicar sanções contra diversos responsáveis bielorrussos, toda uma teia de ingerência se move na sombra, que encobre cínica e falaciosamente as suas reais intenções servindo-se da fraseologia da democracia e dos direitos humanos – que são, afinal, tão profusamente desrespeitados pela UE.

Como em tantas outras situações de cumplicidade com a agressão contra países e povos, assim como com operações golpistas, é no Parlamento Europeu (PE) que as intenções da UE se apresentam, apesar de tudo, de uma forma mais clara.

Colocando-se em bicos de pés, o PE não só não reconhece os resultados das eleições e o presidente eleito na Bielorrússia, como pretende determinar em que moldes é que as eleições se devem realizar e quem é que «representa» o povo bielorrusso.

Apoiando o que designa de transição de poder, o PE insta (a que se continue) a prestar toda e qualquer assistência – incluindo política, financeira, tecnológica e de informação – para «reforçar a organização e o funcionamento» da «oposição» bielorrussa, através da utilização de toda e qualquer entidade que dê suporte à ingerência e promova a desestabilização, incluindo as denominadas ONGs.

Sedento, o PE insta a UE a seguir o exemplo dos Estados bálticos – onde, recorde-se, os colaboracionistas nazis desfilam impunemente –, impondo sanções mais «amplas e eficazes» contra a Bielorrússia, incluindo o congelamento de transferências de fundos da UE e o fim da concessão de empréstimos por parte do BEI, do BERD e de outras instituições financeiras à Bielorrússia; assim como a implementação de um mecanismo «abrangente, eficaz e oportuno» de medidas restritivas, que permita sancionar todas as pessoas, incluindo as suas famílias, e todos os intervenientes estatais e não estatais – que, afinal, resistam e contrariem a inaceitável ingerência da UE.

Lamentando «a falta de vontade das autoridades bielorrussas em seguir as recomendações de instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o FMI, ou em implementar reformas que reduzam o grande número de empresas estatais, reformando o setor empresarial e incentivando o empreendedorismo» – ou seja, a sua entrega aos grupos transnacionais pela via da privatização –, o PE prepara a pilhagem, instando à organização de uma conferência que reúna as instituições financeiras internacionais, os países do G-7, os Estados-Membros e as instituições da UE, bem como outros interessados em constituir um dito pacote financeiro (de milhares de milhões de euros) para a futura «reforma e reestruturação» da economia bielorrussa.

Depois destes mimos, o PE tem a desfaçatez, não só de instar a Rússia que respeite o direito internacional e a soberania da Bielorrússia; como de expressar preocupação com o aumento dos investimentos da China neste país.

Mais palavras para quê?

Fonte: Avante!

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