“Reconstrução da Bolívia passa pela vitória do MAS no dia 18”, diz Patrícia Arce

Após ter enfrentado de cabeça erguida as hordas fascistas, a prefeita de Vinto conclama o povo a responder com votos a cada bala das milícias

Patria Arce, prefeita de Vinto e candidata ao Senado pelo Movimento Ao Socialismo em Cochabamba I Foto: Leonardo Wexell Severo

Em uma reunião com clima de confraternização, música, comida típica e balões pretos, azuis e brancos do Movimento Ao Socialismo (MAS), a casa de uma militante na periferia da cidade de Colcapirhua, parte da metrópole de Cochabamba, se encheu de vida nesta quinta-feira. E de esperança, pela contagem regressiva para o pleito do próximo dia 18 de outubro.

No centro da mesa, a prefeita de Vinto, Patricia Arce, que teve sua imagem mundialmente conhecida – e sua coragem reconhecida – pela forma como enfrentou e derrotou a covardia das hordas fascistas no dia 6 de setembro de 2019. Espancada e arrastada por milicianos pelas ruas, Patricia foi obrigada a caminhar de pés descalços, tendo o cabelo cortado e manchado pelos que, desrespeitando o resultado eleitoral, afastaram o presidente Evo Morales, que havia sido recém-reeleito.

Lorenza Arnez Tarqui, de 92 anos, veterana combatente das Bartolina Sisa l Foto: Leonardo Wexell Severo

Acompanhando tudo com atenção, “la abuelita” Lorenza Arnez Tarqui, mais antiga batalhadora da Federação Departamental de Mulheres Originárias Indígenas de Cochabamba Bartolina Sisa, sintetizava a razão da sua presença. “Antes de Evo os índios eram humilhados, eram analfabetos, pois não haviam escolas. Também não existiam rodovias e os agricultores precisavam caminhar um dia, um dia e meio para trazer milho e cereais para vender na cidade. Depois, gastavam outro tanto para voltar. Precisamos que o MAS retorne pois ele reúne gente de valor”, afirmou dona Lorenza, do alto dos seus 92 anos.  Quando Patricia Arce chegou ao evento, a avó aplaudiu: “mulher de coragem”.

Vestindo a camiseta homenageando Ernesto Che Guevara, “neste 8 de outubro, data da caída em combate do guerrilheiro heroico”, Miriam Cáceres, da Brigada de Trabalhadores Sociais justificava sua presença: “queremos seguir alfabetizando e irradiando para a juventude este sentimento de cuidar e proteger”. “Como nos ensinou Che, precisamos viver para servir”, sublinhou Cáceres, somando seu apoio às candidaturas do MAS à presidência e ao legislativo, com ênfase na guerreira de Vinto.

De forma breve, finalizamos nossa presença ouvindo a Patricia Arce e sua avaliação desta reta final.

Presenciamos que a mídia boliviana tem jogado um papel tenebroso no que diz respeito a dar espaço para o contraditório, impondo sua visão dos fatos sobre a realidade. Qual a sua análise sobre isso?

É mais do que lamentável que existam bolivianos que pensem somente em seus mesquinhos interesses pessoais, que não pensem no desenvolvimento coletivo e no progresso do país. Realmente dá vergonha, porque sabemos muito bem que quem dirige tudo isso está sendo comandado desde fora.

Há uma minoria que recorre à calúnia e à enganação por não ter propostas nem plano de governo. Por isso se utilizam dos meios de comunicação para transmitir mentiras, como se com a falsificação pudessem construir uma outra realidade.

Felizmente, o povo boliviano despertou e já não é mais massa de manobra, ignorante, sem amor à sua terra. Graças ao nosso irmão presidente Evo Morales passamos a conhecer o que era o amor às nossas raízes, à nossa Pátria. Por isso dizemos que este 18 de outubro será o momento de coroar a vitória do povo, porque os bolivianos despertaram.

O presidente da transnacional Tesla reconheceu que patrocinou o golpe na Bolívia pelo lítio, e que fará tantas vezes quantas forem necessárias.

Nestes 14 anos recuperamos nossos recursos naturais, nacionalizamos e estávamos a um passo de industrializar o nosso lítio, o que será imprescindível para impulsionar a economia do país. Por isso é que interesses externos, particularmente dos Estados Unidos, colocaram olho gordo neste mineral estratégico para se apropriar de uma riqueza que cumprirá um papel fundamental não só para o desenvolvimento atual como das futuras gerações.

Na batalha contra o Movimento Ao Socialismo há uma guerra contra uma classe social, e isso fica evidenciado quando eles nos chamam de índios, querendo segregar-nos e afastar-nos dos centros de poder.

Como pode um empresário estrangeiro afirmar que vai invadir e promover golpes de Estado? Voltam a falar abertamente em se apropriar das nossas riquezas, como fizeram anteriormente com a água e com o gás, mas vale lembrar que foram derrotados.

Com o MAS, a Bolívia teve um longo período de desenvolvimento contínuo e os neoliberais em poucos meses liquidaram a economia. Por onde iniciar a recuperação?

Sabemos muito bem o que foram os anos de trabalhar para construir, por isso o caminho já está traçado. Com Lucho e David seguiremos adiante junto com a nossa chapa de deputados e senadores para reconstruir a economia e seguir adiante. Lucho é o melhor economista que a Bolívia já teve em toda a sua história, o que com sua capacidade nos dá segurança para avançar. Neste momento estamos mal economicamente, estamos mal politicamente, estamos mal socialmente, e isso precisa mudar.

Nesta conjuntura, qual a importância das eleições?

Mais do que nunca é preciso que os nossos irmãos e irmãs bolivianas tenham muita consciência porque estamos jogando com o futuro de nossos filhos e netos. Se não ganharmos neste dia 18 novamente seríamos transformados em mendigos, teríamos que ser pedintes, dependentes do exterior, dos mesmos que levam nossos recursos e isso é inaceitável. Temos recursos para a construção de escolas, hospitais e rodovias, o que não podemos deixar é que nos roubem. A decisão para vencer está com cada um de nós.


Fonte: Carta Maior

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