Promotora que desbaratou rachadinha é investigada por divulgar esquema

O argumento da defesa é bastante conhecido quando o crime é de corrupção e desvio de dinheiro público. “Houve vazamento ilegal de informações sigilosas”, dizem eles

(Foto: Reprodução)

A decisão do corregedor nacional do Ministério Público, Rinaldo Reis Lima, tomada na segunda-feira (05), de atender ao pedido do senador Flávio Bolsonaro, o filho “zero um” de Bolsonaro, e abrir sindicância contra Patrícia do Couto Villela, a promotora que desbaratou o esquema da lavagem de dinheiro montado dentro do gabinete de Flávio quando era deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), é mais uma das várias tentativas de paralisar a investigação.

O argumento da defesa é bastante conhecido quando o crime é de corrupção e desvio de dinheiro público. “Houve vazamento ilegal de informações sigilosas”, dizem eles.

Segundo o CNMP, a coordenadora do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção) do Ministério Público do Rio foi apontada pelo senador como suspeita de ter vazado informações sigilosas sobre o esquema de lavagem de dinheiro descoberto em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio.

O senador já vinha reclamando ao CNMP sobre vazamentos à imprensa em relação a informações sobre seus crimes. Reclamou também de que tem direito a foro privilegiado. As evidências já colhidas neste escândalo levaram à decretação da prisão de Fabrício Queiroz e de sua mulher Márcia de Oliveira.

Antes da instauração da sindicância contra a chefe do Gaecc, Flávio já havia conseguido que a promotora Patrícia do Couto Villela fosse intimada pelo CNMP a se explicar sobre um suposto arrombamento da porta da franquia da Kopenhagen, de sua propriedade, num shopping do Rio, que teria ocorrido em uma ação em dezembro de 2019 para colher provas no local.

Em 18 de dezembro de 2019, uma operação de busca e apreensão foi feita na loja de chocolates da Kopenhagen, pertencente a Flávio Bolsonaro, e suspeita de ser uma lavanderia do dinheiro desviado da Alerj. Como os investigadores chegaram cedo ao local, que fica no Via Parque Shopping, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, e não havia ninguém, eles tiveram de arrombar as portas. No local, foram apreendidos documentos contábeis.

O volume de dinheiro que pode ter sido lavado só na loja de chocolate pode ter chegado, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, a R$ 1,6 milhão. Os depósitos em dinheiro vivo na conta da franquia da Kopenhagen do senador Flávio Bolsonaro eram desproporcionais em relação a negócios semelhantes, afirma o MP-RJ.

Os investigadores afirmam também que a entrada de recursos em espécie em favor da empresa coincidia com datas em que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, arrecadava parte dos salários dos funcionários fantasmas do gabinete.

Com a quebra de sigilos, descobriu-se que Queiroz fez depósitos de 21 cheques na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, no valor total de R$ 89 mil. Até hoje esses depósitos não foram devidamente explicados.

No final do mês passado, circulou entre os membros a informação de que o MP havia oferecido denúncia por organização contra Flávio Bolsonaro. Mas, depois que a informação estranhamente foi vazada para imprensa, a instituição decidiu voltar atrás, suspender o protocolo da denúncia e informar que a peça ainda não havia sido apresentada à Justiça.

Fonte: Hora do Povo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *