De Olho no Mundo – especial 75a. Assembleia da ONU, por Ana Prestes

A cientista política Ana Prestes, em edição especial, destaca pronunciamentos de Xi Jinping, Donald Trump, Alberto Fernández, Vladimir Putin, Nicolás Maduro, entre outros.

Presidente Xi Jinping, da China, ao falar na abertura da 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas I Foto: UN Photo/Eskinder Debebe

A 75ª Assembleia Geral da ONU ainda está em curso, mas resolvi partilhar – como Notas – pequenos trechos dos discursos de alguns/as chefes de Estado e/ou Governo que já se pronunciaram.

  • China – Sr. Xi Jinping: “Vivemos em uma aldeia global interconectada com um interesse comum. (…) Nenhum país pode ganhar com as dificuldades dos outros ou manter a estabilidade tirando vantagem dos problemas dos outros. (…) Devemos nos ver como membros da mesma grande família, buscar a cooperação ganha-ganha e superar as disputas ideológicas. (…) Várias vacinas Covid-19 desenvolvidas pela china estão em testes clínicos de fase III (…) essas vacinas se tornarão um bem público global e serão fornecidas a outros países em desenvolvimento com prioridade”.
  • EUA – Sr. Donald Trump: “Setenta e cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial e a fundação das Nações Unidas, estamos mais uma vez engajados em uma grande luta global. Travamos uma batalha feroz contra o inimigo invisível – o vírus da China – que ceifou inúmeras vidas em 188 países. (…) Distribuíremos uma vacina, derrotaremos o vírus, acabaremos com a pandemia e entraremos em uma nova era de prosperidade, cooperação e paz sem precedentes. Enquanto buscamos esse futuro brilhante, devemos responsabilizar a nação que desencandeou essa praga no mundo: a China”.
  • Argentina – Sr. Alberto Fernández: “Esta pandemia nos revelou frágeis e recriou a necessidade de construir pontes entre pessoas, entre nações e entre regiões. Não é tempo de globalizar a indiferença, mas globalizar a solidariedade em suas múltiplas dimensões. (…) Temos que ser capazes de sonhar e construir uma vacina contra a injustiça social, a depredação ambiental, a discriminação em todas as suas formas. (…) Nenhum país pode pagar sua dívida às custas de que seu povo fique sem saúde, sem educação, sem segurança ou sem capacidade de crescer. Também é equilíbrio priorizar os direitos humanos sobre todo o resto.”
  • Bolívia – Sra. Jeanine Añez (de fato/golpista): “Admitamos que a América Latina – em geral – não superou a ameaça autoritária. (…) Em consequência, aceitamos que muitas de nossas sociedades vivem o risco de acabar rendidas ante a novas formas de autoritarismo e opressão. (…) São os projetos do populismo caudilhista e autoritário. Mas, não quero terminar esse discurso sem denunciar ante ao mundo o assédio sistemático e abusivo que exerce desde a Argentina o governo kirchnerista contra as instituições e contra os valores republicanos da Bolívia.”
  • Venezuela – Sr. Nicolas Maduro: “O Governo de Washington, que levou seu próprio povo ao colapso pela pandemia e que celebrará eleições presidenciais no próximo mês de novembro, em franca violação do direito internacional, impôs ilegalmente novas medidas coercitivas unilaterais contra as instituições democráticas venezuelanas (…) para tratar de interferir na realização das eleições parlamentares previstas em nossa Constituição. É por isso que a República Bolivariana da Venezuela reitera a necessidade de reivindicar os princípios de respeito à soberania e autodeterminação dos povos, expressos na Carta das Nações Unidas”.
  • Colômbia – Sr. Ivan Duque: “Este ano, para dar alguns exemplos (de multilateralismo), nos convertemos no membro de número 37 da OCDE e recebemos as presidências protempore da Prosul e da Aliança do Pacífico. (…) Hoje na Colômbia não há dilemas entre amigos e inimigos da paz, somos um só pais que avança sem se importar se o vento está contra ou a favor. (…) O regime de Maduro se sustenta nos recursos do narcotráfico, abriga terroristas e é uma ameaça constante para as democracias da região e do mundo. (…) Porque o que se busca na Venezuela com os crimes de lesa humanidade é perpetuar a tirania (…)”.
  • Irã – Sr. Hassan Rouhani: “A Covid-19 é agora uma ‘dor comum’ para a humanidade. (…) Essa dor comum demonstrou que, apesar de todo o progresso, nossa ignorância como humanos supera em muito nosso conhecimento. Os Estados Unidos não podem nos impor negociações, nem guerra. A vida é difícil sob sanções. Porém, mais difícil é a vida sem independência. A liberdade política em casa é importante. Nós – como a democracia mais antiga da Ásia Ocidental – temos orgulho de nosso povo determinar seu destino e não negociaremos a liberdade interna com a interferência estrangeira”.
  • França – Sr. Emmanuel Macron: “Embora a única solução (para a pandemia) seja por meio de nossa cooperação, as organizações internacionais de que mais precisamos, como a OMS, foram acusadas por alguns de complacência, enquanto outros as manipulam. (…) Todas as fraturas que existiam antes da pandemia (…) se aceleraram e se aprofundaram devido à desestabilização global criada pela pandemia. (…) Foi a Europa que, com outros parceiros (…) teve energia para construir, propor e apoiar soluções tangíveis (…) O mundo como é hoje não pode se resumir a uma simples rivalidade entre a China e os EUA”.
  • Rússia – Sr. Vladimir Putin: “Esquecer as lições da história é ser míope (…), assim como (…) distorcer as decisões das conferências dos Aliados e do Tribunal de Nuremberg. (…) É um golpe direto e devastador nos próprios alicerces da ordem mundial do pós-guerra. (…) A estabilidade global enfrenta sérios desafios: o sistema de controle de armas quebrando, conflitos regionais continuando inabaláveis, ameaças representadas pelo terrorismo (…) A questão de importância primordial que deve ser tratada prontamente é, obviamente, a extensão do Tratado de Redução de Armas Estratégicas Rússia-EUA, que expirará em breve”.
  • Palestina – Sr. Mahmoud Abbas: “Até quando o povo palestino permanecerá sob ocupação israelense – e a questão de milhões de refugiados palestinos permanecerá sem uma solução justa de acordo com o que a ONU determinou há mais de 70 anos? (…) Não nos ajoelharemos nem nos renderemos – e não nos desviaremos de nossas posições fundamentais, e iremos superar. (…) Que todos saibam que não haverá paz, nem segurança, nem estabilidade e nem coexistência em nossa região enquanto esta ocupação continuar e uma solução justa e abrangente para a questão da Palestina, o cerne do conflito, permanecer negada”.
  • Índia – Sr. Narendra Modi: “Eu venho hoje a esta plataforma global para partilhar os sentimentos de 1,3 bilhão de pessoas da Índia. (…) Pode-se dizer que evitamos (ONU) com sucesso uma terceira guerra mundial, mas não podemos negar que houve várias guerras e muitas guerras civis. Vários ataques terroristas abalaram o mundo e houve derramamento de sangue. O povo da Índia está preocupado com o processo de reforma da ONU. Por quanto tempo a Índia será mantida fora das estruturas de tomada de decisão das Nações Unidas? Um país que é a maior democracia do mundo. Um país com mais de 18% da população mundial”.
  • África do Sul – Sr. Cyril Ramaphosa: “Como continente africano, nossa resposta ao coronavirus foi rápida e eficaz. (…) A União Africana estabeleceu um Fundo de Resposta COVID-19 e lançou uma Plataforma Africana de Suprimentos Médicos para garantir que todos os países tenham acesso ao equipamento e suprimentos necessários. (…) A atual composição do Conselho de Segurança não reflete o mundo em que vivemos. No 75º aniversário da ONU, reiteramos nosso apelo a uma maior representação dos países africanos no Conselho de Segurança, e que isso seja tratado com urgência nas Negociações Intergovernamentais”.
  • Egito – Sr. Abdel Fattah El Sisi: “O Egito, por virtude de sua história e localização, por ser um país africano, árabe, islâmico, mediterrânico e membro fundador da ONU, possui sua própria visão sobre as medidas que devam ser adotadas para melhorar a performance e efetividade do sistema internacional multilateral com foco especial na ONU. O Egito está determinado a apoiar os irmãos líbios para livrar seu país de organizações terroristas e milícias e para pôr fim à interferência flagrante de alguns partidos regionais que trazem combatentes estrangeiros para a Líbia para realizar as ambições conhecidas e ilusões coloniais perdidas”.
  • Brasil – Sr. Jair Bolsonaro: “Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. (…) Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sobrevivência, em áreas já desmatadas. (…) Não é só na preservação ambiental que o país se destaca. No campo humanitário e dos direitos humanos, o Brasil vem sendo referência internacional”.
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