EUA e Israel se isolam contra Cuba na ONU; China reage com veemência

Os Estados Unidos e Israel votaram isolados contra 169 países membros da ONU, que aprovaram uma resolução sobre o combate à Covid-19 e nela incluíram uma emenda proposta por Cuba, contra o bloqueio que agrava os efeitos da pandemia e a favor de um acesso equitativo de todos os países à vacina que venha a ser produzida.

cuba na onu

A resolução não vinculativa da Assembleia Geral das Nações Unidas, aprovada na sexta feira (11), beneficiou, mesmo com a abstenção da Ucrânia e da Hungria, dois apoiadores habitualmente indefectíveis da política norte-americana na ONU. Só mesmo Israel apoiou as objecções norte-americanas, contra os restantes 169 Estados participantes na votação. A informação é da Rádio e Televisão de Portugal (RTP).

A resolução considera o “papel de uma ampla imunização contra a Covid-19 como um bem comum para a saúde, ao prevenir, conter e travar a transmissão, de modo a pôr fim à pandemia, logo que estejam acessíveis vacinas seguras, de qualidade, eficazes e acessíveis”.

A emenda cubana reclama a suspensão de sanções econômicas ou financeiras decretadas unilateralmente por um país contra outro, e que agravam os efeitos da pandemia. A emenda aprovada de forma quase unânime sublinha nomeadamente a necessidade de “urgente levantamento de obstáculos injustificados de modo a garantir o acesso universal, oportuno e equitativo e a distribuição justa de todas as tecnologias e produtos de saúde essenciais, de qualidade, seguros e eficazes e acessíveis, incluindo os seus componentes e precursores que sejam necessários para a resposta à pandemia de Covid-19”.

Irã e China

A emenda apela também aos países membros no sentido de se absterem “de promulgar e aplicar quaisquer medidas unilaterais econômicas, financeiras ou comerciais que não obedeçam à lei internacional e à Carta das Nações Unidas” – algo que Estados Unidos e Israel rejeitaram tendo em vista não só as sanções contra Cuba mas também contra o Irã.

Os Estados Unidos levantaram também objecções a dois parágrafos da resolução que defendiam a “saúde sexual e reprodutiva” das mulheres. No debate sobre a resolução registrou-se também uma resposta veemente da China à acusação dos Estados Unidos de que o país escondeu a verdade sobre a pandemia. O diplomata chinês Xing Jisheng, que citou as recentes revelações de Bob Woodward sobre uma entrevista com Trump, para perguntar: “Quem está escondendo a verdade?”